“Eu não acredito que um partido com a história e a responsabilidade do PS anunciasse a viabilização de um Orçamento ao mesmo tempo que quisesse adulterá-lo ou descaracterizá-lo. Não acredito nisso, sinceramente”, afirmou Luís Montenegro à chegada ao 42.º Congresso do PSD, que se realiza este fim de semana em Braga.

 

Luís Montenegro tinha sido questionado se ficou com receio das declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de que parte para o processo de discussão na especialidade do Orçamento do Estado com “toda a liberdade”.

Na resposta, o também primeiro-ministro disse que não, considerando que “os políticos, todos eles, sobretudo os que têm responsabilidades de liderança, têm de ser consequentes com aquilo que é a sua relação com o país, com o povo português”.

“Nem sequer acho que seja edificante lançar sobre o secretário-geral do PS esse anátema de que ele vai ter uma escondida pretensão agora de aproveitar o trabalho na especialidade na Assembleia da República para contrariar o que disse que faria em nome do PS”, salientou.

Montenegro disse acreditar “na palavra dos principais responsáveis políticos, aqueles que ainda por cima têm responsabilidades acrescidas”.

O líder social-democrata disse achar que os políticos devem “respeito uns aos outros” e que o secretário-geral do PS “tomou a decisão que entendeu mais correta” ao anunciar a viabilização do Orçamento do Estado.

“Tomou-a consciente, com sentido de responsabilidade, como já tive ocasião de assinalar, e naturalmente será consistente com isso”, disse.

O presidente do PSD disse que chega a este congresso “tranquilo” e pediu que não se crie “esse tipo de perturbação”, depois de questionado sobre eventuais mudanças do Orçamento durante o processo na especialidade, e designadamente uma eventual queda do IRC, qualificada como “trave-mestra” do documento.

“A grande trave-mestra deste Orçamento é uma coisa de que se fala pouco: é que é o primeiro orçamento, desde que há memória, que não soube um único imposto. Desce muito e mantém outros”, disse.

Nestas declarações aos jornalistas, Montenegro foi ainda questionado se considera que o facto de o secretário-geral do PS ter anunciado o seu sentido de voto na véspera do Congresso do PSD visou condicionar a reunião magna social-democrata.

O presidente do PSD respondeu que, “houvesse ou não congresso, os partidos têm de se posicionar face ao Orçamento do Estado, escolhem cada um o seu ‘timing’ e a sua forma”.

“Nós, no congresso, fazemos um balanço do trabalho que fizemos e projetamos o trabalho que queremos fazer e isso é indiferente ao que acontece com as outras forças políticas do ponto de vista do essencial. Obviamente que a realidade política é sempre ajustada porque nós não estamos na arena política sozinhos”, afirmou, apesar de salientar que não alterou o seu discurso no Congresso após ter conhecido a postura do PS sobre o Orçamento do Estado.

“Eu não tenho nenhum problema em assumir que sabia há muito tempo o que havia de dizer e tenho de dizer, no início e no fim deste congresso”, disse, rejeitando também ter dado indicações para que se amenizassem as críticas ao PS durante este congresso.

“Eu não, eu não dou orientações dessas. O PSD é um partido livre, plural, onde cada um diz em cada tempo aquilo que pensa”, frisou.

[Notícia atualizada às 11h31]

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