“A situação que se desenrola no Médio Oriente é gravemente alarmante. Tendo em conta as repercussões do conflito de Gaza em toda a região, manifestamos a nossa extrema preocupação com a escalada do confronto militar entre Israel e o Hezbollah”, lê-se na declaração conjunta hoje adotada na XI Cimeira de líderes do MED9 realizada em Pafos, Chipre, na qual Portugal se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Apelando a “um cessar-fogo imediato em toda a Linha Azul” (a demarcação de fronteiras entre o Líbano e Israel estabelecida pela ONU) e à “prestação atempada de ajuda humanitária no Líbano”, os Estados-membros da UE que formam o MED9 (Croácia, Chipre, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Itália, Malta e Portugal) defendem que “a soberania de Israel e do Líbano tem de ser preservada e garantida, e quaisquer operações que a violem têm de cessar”.
Advertindo que “qualquer nova intervenção militar agravaria dramaticamente a situação”, o MED9 reafirma o seu “empenhamento na plena aplicação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, que colocou um fim a um conflito entre Israel e o Hezbollah em 2006, e que prevê que apenas as forças de manutenção da paz da ONU e o exército libanês podem ser destacados para o sul do Líbano.
Os líderes do grupo informal de países do sul da UE deixam um apelo “a todos os intervenientes para que deem provas de contenção e se empenhem em esforços de mediação para desanuviar as tensões”, sublinhando que continuarão a “defender um maior apoio ao Líbano e ao seu povo, nomeadamente às Forças Armadas libanesas, que são chamadas a desempenhar um papel estabilizador fundamental”.
“Apoiamos igualmente o papel fundamental de estabilização da FINUL no sul do Líbano. Condenamos o ataque contra a FINUL e recordamos que todas as forças de manutenção da paz devem ser protegidas”, lê-se então na declaração.
O exército israelita admitiu hoje que as suas tropas atingiram, por engano, bases da missão de manutenção da paz da ONU no Líbano em confrontos com o Hezbollah, tendo resultados feridos entre quinta-feira e hoje quatro ‘capacetes azuis’.
Assinalando que “a atual escalada agrava ainda mais a crise dos refugiados no Líbano”, os nove países da bacia mediterrânica também reafirmam “a necessidade de criar condições para um regresso seguro, voluntário e digno dos refugiados sírios, tal como definido pelo ACNUR, a agência da ONU para os Refugiados.
A terminar o ‘capítulo’ dedicado ao alastramento do conflito no Médio Oriente, que dominou esta cimeira em Pafos, os líderes do MED9, numa outra mensagem de apoio às Nações Unidas, dizem congratular-se com “os esforços do secretário-geral da ONU [António Guterres] na busca de uma paz duradoura e na proteção dos civis na região”, garantindo que, pela sua parte, envidarão “todos os esforços para relançar o processo político” com vista a uma “solução de dois Estados, em que o Estado de Israel e um Estado da Palestina independente, democrático, contíguo, soberano e viável vivam lado a lado em paz, segurança e reconhecimento mútuo”.
Estabelecido em 2013, e com cimeiras regulares desde 2016,o MED9 anunciou hoje que as próximas duas cimeiras realizar-se-ão nos dois mais recentes Estados-membros a juntarem-se ao grupo informal, Eslovénia e Croácia, que aderiram à aliança de Estados-membros da bacia mediterrânica em 2021 e que acolherão as reuniões de líderes em 2025 e 2026, respetivamente.
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