Os 1.160 atacantes percorreram vários locais da Esplanada das Mesquitas, onde se situa também a Cúpula da Rocha, por entre fortes medidas de segurança, noticiou a agência palestiniana Wafa.

Segundo a Wafa, os militares que seguiam os extremistas judeus impediram a livre circulação dos fiéis muçulmanos, que foram instados a apresentar os seus documentos de identificação.

Esta invasão coincidiu com o tradicional Birkat Kohanim, uma bênção sacerdotal judaica em massa que se realiza a meio da Pessach ou Páscoa e reúne milhares de judeus no Muro das Lamentações.

Nestas datas, é habitual os fiéis judeus tentarem entrar na Esplanada das Mesquitas, apesar do mal-estar que tais incursões causam na comunidade muçulmana.

De acordo com as suas leis religiosas, os judeus não podem rezar dentro da Esplanada das Mesquitas, ou o Monte do Tempo, para eles, porque se crê que ali foi erigido o Segundo Templo, o lugar mais sagrado para o judaísmo, onde apenas alguns rabinos podem rezar.

Por essa razão, os judeus rezam a partir do Muro das Lamentações, situado nas proximidades, de frente para o local onde se situou o templo.

No entanto, nas últimas décadas, em paralelo com o auge do sionismo religioso, cada vez mais rabinos incitam os crentes a entrar na Esplanada das Mesquitas para rezar, violando o ‘statu quo’ acordado por Israel com a Jordânia em 1967, segundo o qual só os muçulmanos podem orar naquele local.

As tensões entre judeus e muçulmanos estão num ponto alto desde que, a 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.

Fizeram igualmente 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que hoje entrou no 202.º dia, continuando a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, e fez até agora na Faixa de Gaza mais de 34.000 mortos, mais de 77.000 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, pelo menos 482 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e quase 7.000 detenções.

Os colonatos judeus na Cisjordânia, nos quais residem mais de 490.000 israelitas — e que continuam a expandir-se – são todos ilegais à luz do direito internacional.

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