A falta de documentação necessária poderá ter causado o incidente da Alaska Airlines de 5 de janeiro, quando uma parte da aeronave Boeing 737-9 MAX se soltou em pleno voo.

Segundo a CNN internacional, a Boeing alegou que os quatro parafusos necessários para manter a parte da aeronave em questão fixa nunca foram instalados devido à falta de documentação que indicava essa obrigação.

Alegadamente, os trabalhadores da fábrica em Renton, no estado norte-americano de Washington, nunca terão recebido a ordem por escrito que os informava da necessidade de recolocar os parafusos, causando o incidente.

Durante um ‘briefing’ na terça-feira, a Boeing explicou que o problema com esta parte do avião da Alaska Air ocorreu porque dois grupos diferentes de funcionários foram encarregados de trabalhar na porta.

Um dos grupos estava responsável por remover o painel em questão – que servia para bloquear uma saída e não se destinava a ser aberta – e o outro por reinstalá-la, enquanto o avião passava pela linha de montagem.

O primeiro grupo de funcionários removeu a estrutura para resolver alguns problemas com outras partes feitas por um fornecedor, a Spirit AeroSystems, mas não terá deixado por escrito a indicação de que tinha removido a porta e os quatro parafusos em questão, que eram necessários para manter esta parte do avião fixa à fuselagem.

Quando um grupo diferente de funcionários recolocou o painel no avião, mesmo sem os referidos parafusos, não acharam que o avião fosse voar naquelas condições, alegou a Boeing. Aparentemente, esta é uma prática habitual na fábrica, onde esta parte do avião é frequentemente colocado no seu sítio apenas com o objetivo de bloquear a abertura para proteger o interior da fuselagem enquanto o avião é transportado para fora do hangar.

“A equipa de portas fecha a aeronave antes que ela seja movida para fora, mas não é responsabilidade deles instalar os parafusos”, disse Elizabeth Lund, vice-presidente sénior de qualidade da unidade de aviões comerciais da Boeing.

Alegadamente, o segundo grupo de trabalhadores terá assumido que, numa fase seguinte da assemblagem, os parafusos em questão seriam reinstalados por outra equipa. Sem os documentos necessários, porém, o avião foi dado como ‘terminado’ sem essas peças, e ainda voou sem problemas durante cerca de dois meses.

Em janeiro deste ano, no entanto, o painel acabou por ceder, abrindo um enorme buraco em pleno voo, quando seguiam 117 passageiros a bordo, a uma altitude de aproximadamente 4.876 metros.

A entidade responsável pela investigação, o National Transportation Safety Board (NTSB), repreendeu fortemente a Boeing, posteriormente, por divulgar “informações investigativas não públicas” aos meios de comunicação, acusando a empresa de violar “flagrantemente” as regras da agência.

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