Em conferência de imprensa no Centro Europeu Jean Monnet, em Lisboa, de balanço do trabalho dos eurodeputados do PCP no Parlamento Europeu, João Oliveira foi questionado se gostaria de ver o ex-primeiro-ministro, António Costa, como presidente do Conselho Europeu.

Na resposta, o candidato recordou que a escolha do futuro presidente do Conselho Europeu não cabe aos eurodeputados, mas aos governos nacionais, mas recuou ao tempo em que o ex-primeiro-ministro Durão Barroso presidiu à Comissão Europeia, entre 2004 e 2014, para salientar que foi precisamente durante o período da ‘troika’.

João Oliveira sublinhou que a ‘troika’ envolvia o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia, presidida por Durão Barroso, o que não impediu o país de atravessar “provavelmente um dos períodos mais negros da sua história”.

“Julgo que isso põe em perspetiva a relevância ou a menor relevância de termos um português a ocupar cargos dessa natureza”, disse, acrescentando que, “na verdade”, as decisões são impostas a Portugal “para favorecer as multinacionais, os grupos económicos e financeiros, em oposição àquilo que são os interesses dos povos”.

“Por isso, julgo que, se os portugueses quiserem efetivamente encontrar um bom seguro de vida para que, nos próximos anos, tenham os seus direitos e interesses defendidos, julgo que, em vez de fazerem preces para que António Costa vá para o Conselho Europeu, mais vale assegurarem-se com o voto na CDU”, afirmou.

Questionado sobre o balanço que faz da atuação dos líderes das instituições europeias neste último mandato, João Oliveira que esse balanço “está à vista na circunstância em que estão os povos da Europa, confrontados com maiores dificuldades, desigualdades, maiores injustiças”.

“Na nossa perspetiva, o acentuar do pendor neoliberal, federalista, militarista, coloca aos povos uma exigência forte da sua mobilização para encontrar os caminhos para construir uma outra Europa que não seja de guerra, que seja de paz, que não seja de desigualdades, de exploração, de agravamento das condições de vida dos povos, mas possa ser sim, de progresso e cooperação”, disse.

Para João Oliveira, “quem assumiu principal protagonismo, liderando as instituições europeias, deu tradução e voz aos objetivos que serve esta integração europeia, deu voz e expressou em muitas circunstâncias, diretamente e sem qualquer rebuço, a expressão mais cruel ao serviço desses grupos económicos”.

O cabeça de lista da CDU deu o exemplo da presidente do BCE, Christine Lagarde, considerando que respondeu de forma “fria e crua” ao impacto que o aumento das taxas de juro estava a ter em países como Portugal, afirmando que “o sinal de contenção dos salários era bom, mas ainda era pouco”.

João Oliveira salientou que há posicionamentos de outros líderes das instituições europeias que vão no mesmo sentido, criticando também o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, por ter defendido “a necessidade de acentuar a vertente militarista”.

“Desses posicionamentos que vão sendo assumidos por esses vários protagonistas, não podem os povos esperar solução para os seus problemas. Pelo contrário: são declarações e posicionamentos que os povos terão de combater em nome de um futuro que seja efetivamente de paz, de progresso e de cooperação”, defendeu.

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