A investigação à implosão do submersível Titan da OceanGate, que deveria estar pronta no espaço de um ano desde o incidente, demorará mais do que o esperado, anunciou a Guarda Costeira dos Estados Unidos, na sexta-feira.

“A investigação sobre a implosão do submersível Titan é um esforço complexo e contínuo”, começou por dizer o presidente do Conselho de Investigação da Marinha norte-americana, Jason Neubauer, num comunicado citado pela ABC News.

O responsável assegurou, contudo, que as autoridades estão a trabalhar “em estreita colaboração com os parceiros nacionais e internacionais para garantir uma visão abrangente do incidente”.

O atraso das conclusões, que deveriam estar prontas até ao dia 18 de junho, foi explicado com a “necessidade de contratar duas missões de salvamento para garantir provas vitais e os extensos testes forenses indispensáveis”.

“Estamos agradecidos pela cooperação internacional e interagências, que tem sido vital na recuperação, preservação e testes forenses de provas de uma região remota e de extrema profundidade”, complementou, ao mesmo tempo que sublinhou que as autoridades estão empenhadas em perceber “plenamente os fatores que levaram a esta tragédia, a fim de evitar ocorrências semelhantes no futuro”.

No início da semana, a Guarda Costeira revelou que a transcrição do registo de comunicações entre o Titan e o navio de apoio Polar Prince era completamente falsa, o que significa que os cinco passageiros que seguiam no submersível, rumo aos destroços do Titanic, muito provavelmente não faziam ideia de que estavam prestes a morrer.

Recorde-se que o incidente tirou a vida ao empresário e explorador Hamish Harding, ao empresário paquistanês Shahzada Dawood e ao filho, Suleman Dawood, ao CEO da OceanGate, Stockton Rush, e ainda ao especialista no Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Apesar da esperança de que os tripulantes pudessem estar vivos, depois de sons subaquáticos terem sido detetados, a operação contrarrelógio teve um final trágico ao fim de cinco dias, com a localização de escombros que correspondiam à parte exterior do submersível na área dos destroços do Titanic.

No final de junho do ano passado, as autoridades canadianas recolheram os destroços do submersível no porto de St. John’s, numa operação que contou também com o apoio da Guarda Costeira dos Estados Unidos.

Mais tarde, o organismo revelou que foram encontrados possíveis “restos mortais” nestes componentes do Titan, que seriam analisados por uma equipa médica.

De notar que James Cameron, o diretor do filme ‘Titanic’ que desenhou submarinos capazes de atingir uma profundidade três vezes superior à do Titan, equacionou que os críticos de Stockton Rush estavam corretos ao denunciar que um casco de fibra de carbono e titânio permitiria a entrada microscópica de água, levando a uma falha progressiva do veículo ao longo do tempo. Contudo, o CEO da OceanGate acreditava que a fibra de carbono teria uma relação força-flutuabilidade melhor do que o titânio.

Sublinhe-se ainda que, em 2018, um funcionário da OceanGate foi demitido por ter alertado para preocupações com o controlo de qualidade do Titan, tendo sido acusado pela empresa de quebra de contrato, fraude e apropriação indevida de segredos comerciais. O homem recusou as acusações e processou a entidade, num processo que foi resolvido fora do tribunal.

Já em 2021, a OceanGate assegurou que o submersível “foi construído e projetado em consulta com engenheiros e fabricantes especializados”, além de incluir “vários sistemas de segurança”.

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