“Se olharmos para a taxa de crescimento da cadeia de abastecimento [energética] hoje, em relação ao que achamos que será a procura por esta tecnologia dentro de cinco a dez anos, há uma grande divergência”, afirmou o responsável, numa sessão da Conferência Global do Milken Institute. 

“A forma como o mundo se vai reorganizar para ter terreno, energia e espaço para centros de dados é uma dúvida real”, continuou. “É um dos grandes desafios que a sociedade terá de enfrentar no futuro”. 

Ainda assim, Brad Lightcap disse que uma das principais preocupações da OpenAI, que desencadeou a revolução da Inteligência Artificial com o ChatGPT, é que a tecnologia não seja adotada de forma suficientemente rápida.

“Estamos numa economia em que o crescimento do PIB não é tão elevado quanto necessário”, afirmou, considerando que a IA conseguirá trazer ganhos de produtividade a várias áreas económicas. “O nosso foco é como trazer a tecnologia mais rapidamente”. 

Um dos possíveis obstáculos a esta visão pode ser a regulação excessiva, considerou, reconhecendo que a Europa está a olhar para esta questão de forma mais intensa que os Estados Unidos.

“Seria um erro regular em demasia estes sistemas. Precisamos de ter cuidado para não sufocar a inovação”, avisou. 

Até agora, a empresa tem ficado “agradavelmente surpreendida” pelo tom do discurso regulatório global. “Tem sido equilibrado. É uma conversa contínua que tem de acontecer”, frisou Lightcap. “Temos ficado muito encorajados pela natureza da conversa”. 

O diretor de operações também se mostrou pouco preocupado com os receios de que os sistemas de IA generativa causem despedimentos em massa, apesar de alguns exemplos que a própria OpenAI veiculou. A fintech Klarna, por exemplo, implementou o grande modelo de linguagem GPT-4 na equipa de apoio ao cliente e conseguiu substituir 700 agentes humanos com o sistema que desenvolveu. 

“Haverá ciclos normais de rotatividade no mercado laboral, à medida que se reposiciona neste mundo”, afirmou. “Dentro de alguns anos, vamos perguntar-nos porque é que tínhamos empregados para fazer certos trabalhos”. 

Lightcap considerou que vão surgir muitas outras áreas e tarefas por causa da aplicação da tecnologia e que a economia global é “incrivelmente dinâmica”, ao contrário do que era em revoluções tecnológicas anteriores. 

“Quando as debulhadoras mecânicas apareceram no final do século XIX, cerca de 90% da população nos Estados Unidos e Europa trabalhavam em agricultura. O risco de desemprego em massa era real”, exemplificou. “Não me parece que vamos ver a mesma coisa agora. Temos uma economia muito mais diversificada e resiliente”. 

Além disso, referiu, haverá uma necessidade logística gigantesca para instalar a “canalização” necessária para que a tecnologia tenha impacto, o que vai demorar tempo e permitir uma reorganização social e laboral, considerou. 

Horas antes, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque, John Williams, tinha dito na conferência que a IA pode trazer um período de “crescimento muito forte da produtividade na próxima década”, mas que tudo depende da forma como os líderes das empresas encararem a tecnologia. 

“De facto, vimos a eliminação de muitos tipos de trabalhos com tecnologia e automação”, reconheceu o responsável. “Os líderes das empresas podem olhar para isto como uma oportunidade para tornar as pessoas ainda melhores com a tecnologia”, considerou, em vez de pensarem apenas em reduzir as despesas com pessoal. 

A Conferência Global do Milken Institute decorre no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, até quarta-feira, 08 de maio.

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