No dia 29 de outubro, Inês Herédia marcou presença no programa ‘Dona da Casa’ da Antena 3. Em entrevista à jornalista Catarina Marques Rodrigues, a atriz assumiu que já foi discriminada em contratos de publicidade por ser lésbica, por “marcas de vários tipos” como de alimentação e bebés.

 

“Nunca te dão essa explicação”, começou por dizer. “Mas tens três pessoas para serem escolhidas, depois reduz para duas, de repente já és só o único perfil que encaixa exatamente no que eles querem, e depois não ficas. Achas estranho. Depois acabam por não pôr ninguém e vai uma modelo. Depois passado dois anos descobres o porquê”, revelou. 

Herédia revelou ainda que também sofreu tentativas de ‘pinkwashing’ [estratégia de implementar mensagens superficialmente simpáticas à comunidade LGBTQ para fins que têm pouco ou nada a ver com a igualdade ou inclusão LGBTQ].

“Chegávamos ali ao mês de junho e eram sete, oito, nove marcas a quererem fazer a comunicação do mês Pride. O seres gay friendly não é só no mês Pride”.

“Em junho, de repente, vês todas as figuras públicas a pôr bandeiras, mas cada vez que sai uma notícia de que uma mulher foi assassinada na Venezuela por ser lésbica, ou que o casamento gay agora é legal na Tailândia, não vês nenhuma a partilhar que não seja gay. Faz-me confusão”, prosseguiu no seu discurso. 

Inês Herédia assumiu que agora tem muito mais “cuidado com as marcas” a que se associa. “Há responsabilidade aí. Recebo muitas mensagens de jovens LGBT. Noventa por cento delas são sobre problemas específicos que estão a atravessar, como estarem com medo de contar à família, serem expulsos de casa…”, confessou.

Casada com a jornalista Gabriela Sobral há seis anos, a atriz recordou o momento em que apresentou a atual esposa à família: “Foi um dia super especial, porque era Dia da Mãe. E a minha mãe escolheu esse dia, porque a Gabi não tinha cá a mãe dela e a minha mãe sabia disso. Foi um passo para mostrar que estava a fazer tudo o que estava ao alcance dela. Hoje em dia, faz parte da família como qualquer outra pessoa”, contou.

Relativamente à sua profissão, a atriz apontou que também sofre alguma discriminação e alguns estereótipos: “Tudo o que envolve câmara, seja televisão ou cinema, não é assim tão aberto. Principalmente para os homens. A partir do momento em que um ator homem tem alguns trejeitos mais femininos, automaticamente acreditam que este ator não é capaz de fazer uma personagem com uma expressão de género mais masculina, como um galã, por exemplo”, exemplificou.

Inês Herédia revelou ainda que, no início da relação com a atual diretora de produção e conteúdos da Plural, “houve sempre uma tentativa” de associar o seu trabalho ao facto de serem namoradas. 

“Na esmagadora maioria das vezes há pouca disponibilidade para se perceber o que é que as pessoas já fizeram antes. Eu estava há quase 10 anos a fazer teatro, tinha o conservatório, tinha estudado em Londres”, sublinhou.

Veja a entrevista completa abaixo. 

Inês Herédia, Atriz | Dona da Casa | Antena 3

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