Em declarações aos jornalistas à margem de uma reunião com autarcas do partido em Loures, distrito de Lisboa, André Ventura considerou que a situação no INEM “é muito grave” e que a reunião da ministra da Saúde com o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, marcada para hoje, vem “muito tarde”.

 

“Se isto fosse novo, a ministra tinha desculpa. Acontece que isto não é novo. Em julho, o Chega chamou a atenção de uma situação que no INEM era iminente, questionámos diretamente o Ministério da Saúde sobre isto e perguntámos o que é que a senhora ministra vai fazer nos próximos meses para garantir que a situação de colapso de recursos humanos no INEM não vai gerar uma situação de tragédia humanitária, isto é, perder vidas, que é o que aconteceu. Não obtivemos resposta”, afirmou.

O líder do Chega afirmou que Ana Paula Martins “sabia que os operacionais do INEM estão em falta há muito tempo, que os meios do INEM são deploráveis do ponto de vista da sua utilização e da sua existência” e “sabia há muito tempo que havia uma greve”.

“O que aconteceu foi que a ministra teve uma absoluta negligência na preparação deste dossiê e do momento que se encontrava. Não vale reunir agora quando já os factos estão em cima da mesa e o mal está feito, quando há pessoas mortas, quando há pessoas que não tiveram atendimento”, considerou.

André Ventura defendeu que o primeiro-ministro “tem que pensar se a senhora ministra da Saúde tem condições de continuar em funções” e avaliar se “não tem aqui dois ativos tóxicos verdadeiramente que merecem pelo menos a sua substituição para podermos ter alguma tranquilidade”, numa referência também à titular da pasta da Administração Interna.

O presidente do Chega defendeu que “quando há uma morte que deriva do mau funcionamento do Estado, os políticos têm que assumir as suas responsabilidades”, colocando o seu lugar à disposição.

“Parece-me a mim que o que tem acontecido no INEM, com resultados diretos na falha de atendimento que tem gerado mortes de pessoas, não deixa a senhora ministra da Saúde numa situação de grande conforto em termos da sua posição”, acrescentou.

“A senhora ministra sabia absolutamente o que é que estava em causa, não quis fazer nada e preferiu achar que o tempo resolveria a situação. Nas últimas horas, infelizmente, percebemos que a situação não se resolvia por si própria, que o Ministério não fez nada para resolver”, acusou, considerando que com esta ministra não dá motivos para acreditar que vai ser “um inverno tranquilo”.

André Ventura indicou também que o Chega vai acompanhar o pedido de audição no parlamento do novo presidente do INEM, mas defendeu que a situação é de “carência objetiva e grave de meios, de profissionais e de orientação burocrática e administrativa, não é uma questão que se resolve numa audição parlamentar”. 

“Nós todos sabemos já quais são os problemas, o que é preciso é tomar medidas sobre os problemas”, sustentou.

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