Em declarações aos jornalistas no parlamento, Rui Rocha reagiu ao esclarecimento do Ministério da Administração Interna, no domingo, de que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após a ministra Margarida Blasco ter admitido essa possibilidade.
Rui Rocha salientou que, relativamente à ministra da Administração Interna, se tornou evidente que “tem dificuldades na comunicação”, mas também “de gestão política, como esta que decorre de admitir o direito à greve e depois ter de recuar, provavelmente por influência do senhor primeiro-ministro”.
“Não creio que tenha, até agora, acontecido nenhuma situação absolutamente grave que leva a que eu esteja aqui a pedir a demissão da senhora ministra, mas aconteceram já situações suficientes para que eu peça ao senhor primeiro-ministro que pondere bem se a atual ministra é a pessoa certa”, afirmou.
Para o líder da IL, “tudo leva a crer que, com as dificuldades de comunicação e de gestão político”, caso não haja uma saída “da senhora ministra num contexto mais favorável, ela poderá ter de sair quando acontecerem coisas graves no país”.
“Eu creio que é preferível evitar isso. Nós temos episódios recentes de outros ministros da Administração Interna que estiveram em funções muito para lá daquilo que era aceitável e desejável para o país”, afirmou, reiterando que não está a pedir a Luís Montenegro que demita Margarida Blasco.
“Mas que pondere muito bem se é a pessoa certa e se não é o momento de avaliar a sua continuidade”, reforçou.
O Ministério da Administração Interna esclareceu no domingo que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após as declarações da ministra Margarida Blasco.
No encerramento do congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) Margarida Blasco tinha afirmado: “vamos começar no dia 06 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa. Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo”, quando questionada pelos jornalistas sobre se estava disposta a propor o direito à greve para as forças de segurança.
Contudo, horas depois, um esclarecimento do Ministério da Administração Interna enviado às redações referia que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.
No final do congresso, que decorreu em Lisboa, a questão do reconhecimento do direito à greve na polícia foi abordada pelo presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, que destacou que esse ponto é há muito tempo reivindicado pelos sindicatos e manifestou mesmo a sua satisfação pela abertura demonstrada pela ministra.
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