O presidente do Chega, André Ventura, defendeu hoje que é preciso “tolerância zero” com quem causa distúrbios e pediu ao Governo uma “condenação inequívoca” dos desacatos nas últimas noites na Grande Lisboa.

 

Para além de considerar que o Governo teve “meias-palavras” neste âmbito, Ventura classificou os autores dos desacatos que aconteceram após esta morte como “rascaria” e “bandidagem pura”, e disse que é necessário que a polícia “não tenha receio de repor a ordem” e tenha os meios necessários para o fazer.

Há dois dias que distúrbios em várias zonas de Lisboa acontecem, na sequência da morte de um homem residente na Amadora. A vítima, suspeita de um assalto, morreu após ser baleada por um agente da Polícia de Segurança Pública.

Notícias ao Minuto | 12:08 – 23/10/2024

O líder do Chega considerou ainda que há polícias que têm “medo de atuar, precisamente com medo de processos disciplinares, com medo que depois venham dizer que não fizeram bem, com medo que tenham agido desproporcionalmente”.

“Eu acho que se nós entramos na lógica de vamos aproveitar este caso para refletir sobre o que a polícia tem que fazer, nós estamos já a dizer o contrário, estamos a dizer que em vez de refletir como é que contemos esta bandidagem, estamos a refletir como é que a polícia deve fazer o seu trabalho”, afirmou.

O presidente do Chega recusou que seja necessária a intervenção do Exército para parar os distúrbios que se têm registado nas últimas noites.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

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