“Estou preocupado com o estado das negociações da COP29. Os países têm de chegar a acordo sobre um objetivo ambicioso de financiamento do clima que seja proporcional à dimensão do desafio que os países em desenvolvimento enfrentam”, afirmou Guterres numa conferência de imprensa na véspera da reunião do G20, que se realiza na cidade brasileira do Rio de Janeiro.
“Se o G20 se divide perde relevância a nível global”, disse, relembrando que estes países são responsáveis por 80% da emissão de gases que contribuem para o efeito de estufa.
Guterres reconheceu que as negociações em Baku estão longe de chegar a uma boa conclusão e advertiu que a falta de consenso teria consequências negativas para a COP30, que se realizará em 2025 na cidade de Belém, na Amazónia brasileira.
Desta forma, acredita que “todos os países do G20 devem fazer um esforço adicional” nos seus objetivos climáticos.
“Vou apelar ao sentido de responsabilidade de todos os países do G20. É altura de as maiores economias e emissores do mundo darem o exemplo. O fracasso não é uma opção”, afirmou.
“2024 será provavelmente o ano mais quente da história”, acrescentou.
O secretário-geral da ONU viajou de Baku para o Rio de Janeiro para participar na cimeira de chefes de Estado e de Governo do G20, que se realiza na segunda e terça-feira na capital carioca.
Depois, tenciona regressar à capital do Azerbaijão para o encerramento da COP29, onde cresce a desconfiança sobre a possibilidade de se chegar a acordos sobre o financiamento.
As reuniões de segunda-feira e terça-feira no Rio de Janeiro serão presididas pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do PIB e 75% do comércio internacional.
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Entre os principais líderes que estarão no Museu de Arte Moderna destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping. Ambos terão agendas paralelas, com Biden a deslocar-se antes à capital amazónica de Manaus e com Xi a visitar Brasília para um encontro com Lula da Silva, um dia após terminar a cimeira.
O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional tem um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.
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