Num palmarés dominado pela memória da luta pelos direitos civis, as consequências da guerra, os crimes de escravatura e suas consequências, ‘Night watch’ (‘Vigia noturna’, em tradução livre do inglês), passa-se no estado da Virgínia, durante a Guerra da Secessão (1861 e 1865), e tem por protagonistas uma adolescente e a sua mãe, isoladas numa América dividida, confrontadas com o custo humano dos conflitos, tanto na frente de batalha, onde o pai combate pelas forças da União, quer na retaguarda, onde também conhecem a necessidade de pegar em armas.

‘Night watch’ é o mais recente romance de Jayne Anne Phillips, autora revelada em 1979, com a premiada colectânea de contos ‘Black Tickets’, já depois de ter publicado ‘Sweethearts’ (1976) e ‘Counting’ (1978), que se tornou numa das principais vozes do chamado ‘dirty realism’ (realismo sujo) dos anos de 1980, com títulos como ‘Fast Lanes’ (1984) e o seu romance de estreia, ‘Machine Dreams’, do mesmo ano.

O prémio de Não Ficção foi para ‘A Day in the Life of Abed Salama: Anatomy of a Jerusalem Tragedy’ (‘Um dia na vida de Abed Salama: Anatomia de uma tragédia em Jerusalém’), de Nathan Thrall, história da morte de uma criança palestiniana, na Cisjordânia ocupada, contada por seu pai.

Em Biografia, o Pulitzer foi ex aequo para ‘King: A Life’, a vida de Martin Luther King, pelo jornalista Jonathan Eig, e para ‘Master Slave Husband Wife: An Epic Journey from Slavery to Freedom’ (‘Senhor, escrava, marido e mulher: Uma viagem épica da escravatura à liberdade’), de Ilyon Woo, relato da fuga do jovem casal de escravos Ellen e William Craft, que simularam uma relação de senhor e serva, numa viagem de mais de 1500 quilómetros, do sul esclavagista até aos estados livres do norte.

Na categoria de História foi distinguida a investigação de Jacqueline Jones sobre as lutas dos trabalhadores negros do Masachussetts, na década de 1860, em ‘No Right to an Honest Living: The Struggles of Boston’s Black Workers in the Civil War Era’ (‘Sem direito a uma vida honesta: as lLutas dos trabalhadores negros de Boston na era da Guerra Civil’).

O Prémio Pulitzer de Memória e Autobiografia foi para uma obra que aborda a violência doméstica: ‘Liliana’s Invincible Summer: A Sister’s Search for Justice’ (‘O verão invencível de Liliana: uma irmã procura justiça’), de Cristina Rivera Garza, obra que combina memória, jornalismo e biografia, numa tentativa de superação da perda.

Em Poesia, foi premiado o livro ‘Tripas: Poems’, de Brandon Som, que aborda a herança mexicana e chinesa do autor, e a possibilidade de vida em comunidade em vez de conflito.

O prémio de Teatro foi atribuído a ‘Primary trust’ (‘Confiança primária’), da escritora e atriz nova-iorquina Eboni Booth, a história de um livreiro sem emprego, estreada no ano passado pela companhia Roundabout Theatre, num palco ‘Off-Broadway’.

Na Música, foi premiada a obra ‘Adagio’ (‘For Wadada Leo Smith’), do compositor e multi-instrumentista Tyshawn Sorey, dedicada ao trompetista que fez parte dos agrupamentos do compositor e saxofonista Anthony Braxton.

Os Pulitzer 2024 homenagearam ainda o escritor e crítico Greg Tate (1957-2021), que se distinguiu na revista Village Voice, e os “jornalistas e trabalhadores da comunicação social que garantem a cobertura da guerra em Gaza”.

Os Prémios Pulitzer são administrados pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, gestora do fundo legado por Joseph Pulitzer, empresário da imprensa norte-americana, nos anos de 1910.

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