Doença hemorroidária. Muitas mulheres grávidas acabam por ter de lidar com este doloroso e desconfortável problema de saúde, mas partilham muito pouco sobre o tema, ficando reféns da vergonha. O estigma persiste, contribuindo muito para um desconhecimento generalizado sobre esta condição, e levando a que não se procurem soluções eficazes que ajudem a ultrapassá-la.

Ora, nada como falar sobre o assunto, desconstruindo ideias feitas – muitas vezes imprecisas e sem evidência científica -, para as mulheres se libertarem do embaraço e, consequentemente, encontrarem respostas para se livrarem também da dor. 

É precisamente isso que, no âmbito da iniciativa ‘Maternidade sem dor’, promovida pelo Procto-Glyvenol, Beatriz Gosta – descomplexado alterego de Marta Bateira – e a enfermeira Carmen Ferreira – especialista em questões relacionadas com a gravidez – se propõem fazer, abordando o tema hemorroidas sem tabus e desfazendo todas as dúvidas que gravitam em torno da doença associada. Futuras mamãs (e não só), ver o vídeo que publicamos acima é obrigatório!

Afinal, o que são hemorroidas? 

Na verdade, as hemorroidas são estruturas vasculares que existem no ânus de todas as pessoas, podendo ser associadas a sintomas como dor, prurido (comichão), inchaço ou  mesmo sangramento. Perante a presença de sintomatologia sugestiva, o termo correto a aplicar-se é doença hemorroidária, embora a expressão mais vulgar para nos referirmos a este problema, sobretudo na oralidade, seja “ter hemorroidas” ou “sofrer de hemorroidas”.

Como já mencionámos, a doença hemorroidária é muito comum durante a gravidez, principalmente no terceiro trimestre: 30 a 40% das grávidas são acometidas por sintomas relacionados com as hemorroidas, segundo o site do Procto-Glyvenol. Mas por que razão tal acontece? Aparecem devido ao aumento de pressão no interior do abdómen, causada pelo bebé, ao aumento do volume sanguíneo que ocorre durante a gravidez, às alterações dos músculos pélvicos e ainda devido à prisão de ventre ou obstipação, que é também mais comum durante a gestação.

Apesar de os sintomas serem muito semelhantes, a doença hemorroidária pode estar relacionada com as hemorroidas internas ou externas, independentemente de se manifestar na gravidez ou em quaisquer outras circunstâncias. E embora na maioria dos casos se resolva espontaneamente algum tempo depois do parto, situações há em que existe a necessidade de uma intervenção médica mais específica.

O que pode ser feito para melhorar os sintomas?

Ingerir fibra e água em abundância é fundamental para se evitar a obstipação e o esforço durante a defecação. E embora não seja possível aliviar a pressão exercida pelo bebé no interior da barriga, há outras medidas que podem ser tomadas para minimizar esse impacto. Quais?

  • Evitar estar de pé ou sentada na mesma posição durante muito tempo;
  • Manter atividade física regular desde que não haja contraindicação médica e, quando em repouso, deitar de lado;
  • Evitar ganhar mais peso do que o recomendado;
  • Realizar exercícios de Kegel (exercícios que visam fortalecer o pavimento pélvico, simulando o movimento de conter a urina. A ideia é contrair e relaxar várias vezes por dia esse conjunto de músculos).

Saliente-se que alguns tratamentos podem ser necessários para o alívio dos sintomas, sendo seguros na gravidez, ainda que para o efeito o aconselhamento médico seja essencial. Hemorragia e dor persistente são sinais de alerta que requerem observação clínica.

Como vimos, a doença hemorroidária durante e após a gravidez é uma situação benigna comum, que dispensa excessiva preocupação uma vez que acaba por, regra geral, resolver-se espontaneamente no pós-parto. Mas importa não calar os sintomas: sofrer em silêncio é desnecessário, sobretudo num contexto em que tantos outros desafios ligados à maternidade se colocam.

Não se esqueça: Informação é mesmo poder e acabar com o tabu desbrava caminho para eliminar também a dor!

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