Donald Trump elegeu, esta quinta-feira, Robert F. Kennedy Jr. para assumir a pasta da Saúde no seu governo, já a partir do dia 20 de janeiro.

 

A escolha para a pasta gera debate e, acima de tudo, preocupação. Primeiro, porque como escreveu o próprio Trump no anúncio da sua escolha, quem assume este departamento terá um dos “papéis mais importantes” no Governo, ao ter nas suas mãos a missão de tomar conta da saúde dos norte-americanos.

E, em segundo lugar, porque o nome escolhido é sobejamente conhecido por opiniões que podem pôr em risco a saúde de muitos.

Quem é Robert F. Kennedy Jr.?

Robert tem um sobrenome histórico: é filho do ex-procurador-geral dos EUA Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, ambos assassinados na década de 1960. Oriundo de uma família com tradição na política norte-americana, o homem sempre marcou presença nesta área, tendo-se candidatado a estas presidenciais a 5 de novembro. Acabou por desistir a favor de Donald Trump, sob a promessa de ter um lugar no futuro governo.

A pasta escolhida para o ‘acolher’ gera muitas dúvidas dado que Robert é conhecido pelas suas posições polémicas em relação às vacinas – a invenção que diminuiu significativamente a mortalidade infantil em todo o mundo.

Apesar de rejeitar o rótulo, facto é que fundou a organização antivacinas ‘Children’s Health Defense,’ chegou a criticar a vacina contra a Covid-19, já defendeu que não é a favor da vacinação das crianças em idade escolar, criticou as vacinas contra o sarampo, e chegou mesmo a ser denunciado por familiares: em 2019, a irmã Kathleen Kennedy Townsend, o irmão Joseph P. Kennedy II e a sobrinha Maeve Kennedy McKean denunciaram vigorosamente as suas opiniões antivacinas num artigo de opinião da Politico Magazine.

As reações

A decisão é considerada por especialistas em saúde pública e democratas como alarmante e sem precedentes, uma vez que significa que um dos mais proeminentes cépticos americanos em matéria de vacinas poderá em breve supervisionar uma agência responsável pela segurança das vacinas.

“Já tivemos pessoas nomeadas para este cargo com o qual discordamos com as suas políticas ou ideologias, mas acho que nunca tivemos ninguém em quem não pudéssemos confiar”, afirma Georges C. Benjamin, diretor executivo da Associação de Saúde Pública Americana ao Washington Post.

Mandy Cohen, diretora do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), disse estar preocupada com a escolha. “Não quero andar para trás e ver crianças ou adultos sofrerem ou perderem a vida para nos lembrar que as vacinas funcionam”, escreveu Cohen numa mensagem de texto.

As promessas

Segundo Donald Trump, o homem que escolheu para liderar a pasta da Saúde irá ajudar a garantir que toda a gente será “protegida de químicos nocivos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos alimentares que contribuíram para a crise de saúde avassaladora neste país”, sublinhou. Este “irá [ainda] restaurar estas agências de acordo com as tradições da investigação científica de excelência e com os princípios da transparência, a fim de pôr termo à epidemia de doenças crónicas e de tornar a América grande e saudável de novo”.

Já durante a campanha, Kennedy disse que queria salvar “milhões de crianças” que sofrem com doenças crónicas devido à “corrupção” das agências governamentais, que numa futura administração com Trump ele irá encher de médicos que não estão dependentes de grandes farmacêuticas. 

“Vamos trazer comida saudável de volta aos almoços escolares”, prometeu, dizendo também que vão acabar com os subsídios a alimentos nocivos. 

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