Segundo o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), a 10 de setembro, em 1756, o Marquês de Pombal criou “a mais antiga região demarcada do mundo”: o Douro Vinhateiro. Por isso, anualmente, nessa mesma data celebra-se esta bebida tão apreciada pelos portugueses e não só.
Para assinalar a data o Lifestyle ao Minuto falou com Álvaro van Zeller. Segundo o enólogo executivo da Van Zeller Wine Collection, S.A., o que distingue este vinho dos restantes é “a autenticidade do ‘terroir’ [o conjunto de fatores que influenciam o desempenho da vinha e a qualidade da uva] duriense” e “o enorme significado histórico que carrega”.
Também pedimos algumas dicas ao enólogo, incluindo sobre como escolher um vinho de qualidade, independentemente do orçamento, e ainda esclarecemos algumas dúvidas.
Quais as melhores dicas que pode dar para escolher um bom vinho do Porto?
Todo o vinho do Porto é bom, mas, na minha opinião, para ficar ainda melhor precisa de algum envelhecimento, seja em garrafa ou em cascos de madeira. Podemos dizer que a altura em que o vinho foi produzido dita o potencial da sua qualidade.
Para pessoas que gostam de vinhos do Porto envelhecidos em casco, a minha sugestão é a aposta na categoria dos 10 Anos ou 20 Anos. Para os que gostam de vinhos do Porto envelhecidos em garrafa, um vintage com mais de 20 anos de estágio em garrafa.
Álvaro van Zeller© SLOMO Studio
E com um orçamento mais limitado?
Já no caso de orçamentos mais limitados, aconselharia um Reserva Tawny para vinho do Porto envelhecido em casco ou um LBV com 10 anos de envelhecimento em garrafa para vinhos do Porto envelhecidos em garrafa.
Que características deve ter um bom vinho do Porto?
Com a forte regulação que existe no setor do vinho do Porto, e com a qualidade dos vinhos do Porto engarrafados sendo controlada pelo IVDP, a única nossa preocupação será encontrar a nossa marca preferida para cada tipo de vinho do Porto.
Existem diferentes tipos de vinhos do Porto. Quais são as diferenças?
Tudo se resume à cor da uva – vinhos do Porto brancos, rosés ou tintos -, à dimensão das vasilhas de madeira onde estagia até ao seu engarrafamento e ao tempo – idade ou média de idade na altura do engarrafamento. Estas são as principais dimensões que guiam a classificação das diferentes categorias do vinho do Porto, sendo o Vintage muitas vezes considerado como a categoria máxima do universo do vinho do Porto pela sua aptidão para envelhecer em garrafa.
É por este motivo que se gera o entusiasmo quando um produtor decide declarar determinado ano de colheita como ano Vintage. Não acontece todos os anos, mas quando acontece é razão para celebrar.
A ideia de que um vinho do Porto mais velho é melhor está correta?
Para mim, que gosto de vinhos do Porto velhos, sim! Mas há quem goste da fruta dos vinhos do Porto sem estágio, seja em garrafa ou em casco.
Como deve ser armazenado e servido?
Deve ser armazenado deitado e a temperatura controlada. Se for envelhecido em casco, deve ser servido a 10-12ºC. Se for envelhecido em garrafa, entre 16-18ºC.
Deve ser servido em que momento das refeições?
Já fiz refeições todas ‘regadas’ a vinho do Porto, mas eu sou ‘antigo’ e, como gosto de beber vinho branco, rosé e/ou tinto tranquilo durante a refeição, sirvo o vinho do Porto como entrada (Porto Tónico ou outro cocktail ou Porto 10 Anos Branco), a acompanhar a sobremesa e como digestivo.
Pode ser usado na cozinha? Em que tipo de receitas?
Sim, mas nesse caso utilizo o vinho do Porto de entrada de gama – Ruby, Tawny ou Branco – e as borras da decantação dos vinhos do Porto com muitos anos de envelhecimento em garrafa. Pode enriquecer os molhos através da redução do vinho do Porto ou das borras de vinho do Porto.
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