Borrell, que falava na apresentação do seu livro “A Europa entre duas guerras”, na sede da Comissão Europeia, em Madrid, reviu o ano passado em política regional e as suas funções no cargo, concentrando-se nas guerras na Ucrânia e em Gaza, os dois principais elementos de preocupação na ação externa da UE.

Sobre Gaza, o diplomata espanhol assumiu que a UE “não tem capacidade para influenciar” embora “os meios” tenham, frisando que, apesar disso, “não há vontade política para os utilizar”.

Borrell sublinhou que “a pressão diplomática deve continuar a ser exercida sobre Israel” para que, pelo menos, “não ocorram tantas mortes de civis”, embora tenha reconhecido que “este é um discurso de cuidados paliativos”.

Nesta linha, garantiu que a “comunidade internacional está numa situação difícil” e considerou que um possível reconhecimento do Estado palestiniano por alguns países europeus será criticado por aqueles que são contra esta opção unilateral.

O alto representante da UE para a Política Externa e de Segurança estimou também que uma conferência internacional, na qual Israel e a Palestina pudessem sentar-se para negociar, ajudaria a resolver o conflito a longo prazo.

“Porque Israel diz o que não quer, mas não diz o que quer, provavelmente porque não pode dizê-lo, mas o que acontece é a repetição sistemática da mesma tragédia, por isso entendo que a indignação moral em parte do mundo seja maior. Há coisas que clamam ao céu”, frisou.

Para Borrell, a guerra em Gaza está a provocar “um grande divórcio entre o Ocidente e os países árabes, onde o grande vencedor é Putin”.

“A grande questão é quem pode exercer pressão sobre Israel que leve a um cessar-fogo, basicamente os Estados Unidos, que tentaram sem agir. Vimos que Biden está a começar a raciocinar neste sentido mas estamos longe de Israel ser incapaz de fazer o que faz por falta de meios e isso provoca um tremendo divórcio entre o mundo árabe e o Ocidente”, alertou.

Sobre a guerra na Ucrânia, Borrell assumiu que “vai continuar” e “não vai parar a curto prazo” já que “a Rússia continua a ter o mesmo objetivo que tinha: mudar a situação na Ucrânia, punir os fascistas em Kiev e substituir o Governo de Zelensky por algo semelhante ao que existe na Bielorrússia”.

“O objetivo é que a Ucrânia possa continuar a resistir e isso dependerá da nossa capacidade de os ajudar (…) temos de continuar a apoiá-los, a questão é até quando e para quê? Não creio que seja uma solução política viável e espero que não aconteça, mas vai testar a nossa paciência”, acrescentou.

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