De acordo com o politólogo Stefan Marschall, da Universidade de Dusseldorf, o congresso do antigo partido de Angela Merkel, agora liderado por Friedrich Merz, também vai abordar as eleições federais do próximo ano, na Alemanha, para as quais o partido se está a preparar “em termos de estratégia, pessoal e programa”.

“Este é mais um passo importante no processo de definição de um perfil mais conservador para a CDU, após a longa era Merkel”, referiu o analista em declarações à agência Lusa.

O Congresso da CDU começa na segunda-feira, e termina na quarta-feira, 08 de maio.

Para Gero Neugebauer, não é certo que os delegados sigam o objetivo traçado “de se tornarem um partido conservador”. O politólogo da Universidade Nova de Berlim sublinha que o “Parteitag” deve ser “um evento no qual o partido se mostra como um ator político único, sem divergências e disputas políticas graves ou mesmo discussões”.

“Espero que a discussão do programa siga os incentivos dados pela direção do partido e que Friedrich Merz se apresente como a pessoa capaz de liderar o partido e de se tornar o candidato à chancelaria”, acrescentou, em declarações à Lusa.

Uwe Jun destaca a importância da discussão do programa de base do partido, algo “inusual” na CDU, visto que o último é “relativamente antigo, ainda da era Merkel”.

“O partido quer mostrar que há alguns aspetos do passado, da era Merkel, que vão deixar para trás, nomeadamente as políticas ligadas às migrações”, apontou o professor de Ciências Políticas e diretor do Instituto para a Democracia e Investigação Partidária de Trier (Trierer Institut für Demokratie — und Parteienforschung).

Merz assumiu a liderança da CDU em janeiro de 2022 depois de duas tentativas falhadas. Neste congresso, em Berlim, com a participação de 1001 delegados, é expectável que o advogado de formação, de 68 anos, seja reeleito, mas ainda é uma incógnita com que percentagem. O resultado “mostrará a força do seu apoio no seio da CDU”, considerou Stefan Marschall, e será crucial na candidatura a chanceler pelo partido.

“Neste momento, parece que Merz será o candidato da União a chanceler, a menos que cometa um grande erro nos próximos meses. Como líder da CDU, tem prioridade no acesso à candidatura e parece determinado a utilizá-la”, realçou.

“Merz segue um percurso de táticas seletivas para se apresentar como o candidato certo no momento certo”, considerou Gero Neugebauer.

“Tem de reduzir as reservas relativas à sua falta de experiência na administração política e às suas opiniões, por vezes antiquadas, sobre questões de género e sobre a política de migração. Aprendeu que não pode deixar de ser mencionado nos meios de comunicação social, nem despertar dúvidas sobre a sua vontade de se tornar chanceler”, afirmou o politólogo.

A CDU lidera nesta altura as sondagens, tanto para as eleições europeias de 09 de junho na Alemanha, como para as federais do próximo ano. Para Uwe Jun, estes resultados positivos estão diretamente relacionados com o insucesso do governo formado pelo Partido Social Democrata alemão (SPD), os Verdes e os Liberais do FDP.

“O governo tem, neste momento, dos índices mais baixos de popularidade de sempre. É um dos motivos pelos quais todos os partidos da oposição estão a ganhar nas sondagens, tanto a CDU, como a AfD e até o partido recém-formado, BSW”, justificou.

“O líder da CDU, Friedrich Merz, parece que não consegue capitalizar melhor a falta de confiança dos eleitores no governo. Parece obvio que a União Democrata-cristã precisa de um candidato mais popular para as próximas eleições gerais”, considerou, acrescentando, ainda assim, que a ambição de Merz persiste.

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