O número de pessoas em teletrabalho voltou a aumentar de forma significativa entre o final de 2022 e o primeiro trimestre deste ano, mostram os novos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) extraídos do inquérito trimestral ao emprego divulgado esta quarta-feira.
Face ao último trimestre de 2022, o universo de empregados que desempenharem as funções trabalhando a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação (TIC) aumentou 5,5%. São quase mais 46 mil pessoas.
O seu peso no emprego total também voltou a ganhar relevância. No final do ano passado, o teletrabalho valia 17% do emprego total, agora, no primeiro trimestre, o peso subiu para 17,9% do emprego total, diz o INE.
Um ano antes, havia 510,2 mil pessoas em teletrabalho, o equivalente a 10,4% do emprego total, segundo o INE, mas estes dados não são comparáveis porque o INE fez alterações importantes a este inquérito ad hoc. Por isso não é possível fazer a comparação homóloga direta.
Hoje, o INE estima quantas “pessoas referiram ter trabalhado a partir de casa no período de referência, independentemente da frequência com que o fizeram”. Se usaram TIC já são consideradas no teletrabalho. Dantes o grupo considerado era o das pessoas que tinham trabalhado “maioritariamente em casa”.
Antes, até ao primeiro trimestre do ano passado, o conceito era mais restrito (daí o universo ser bastante inferior).
Seja como for, é verdade que teletrabalho esteve a perder gradualmente importância ao longo de 2022 (havia 958,6 mil pessoas a recorrer a este regime no segundo trimestre), mas agora voltou.
O INE explica que “entre os que trabalharam em casa, 94,1% (881,6 mil) estiveram em teletrabalho, ou seja, utilizaram tecnologias de informação e comunicação (TIC) para desempenhar as suas funções a partir de casa”.
937 mil em casa a trabalhar, com e sem teletrabalho
Considerando todas as pessoas que trabalharam em casa – os do teletrabalho (com recurso a TIC) e os restantes (sem recurso a TIC) – este universo também aumentou.
“Considerando o total da população empregada, 19% das pessoas (937 mil) indicaram ter trabalhado em casa no 1.º trimestre de 2023”, sendo que “o número médio de dias trabalhados em casa por semana foi de quatro, à semelhança do observado nos três trimestres anteriores”.
“Entre os empregados que trabalharam em casa, 27% (252,9 mil) fizeram-no sempre, 31,6% (295,6 mil) fizeram-no regularmente mediante um sistema que concilia trabalho presencial e em casa, 15,2% (142,6 mil) trabalharam em casa pontualmente e 25,7% (240,4 mil) fizeram-no fora do horário de trabalho”, explica o instituto.
Comparando o trimestre anterior (último de 2022), “destaca-se o aumento dos que conciliaram trabalho presencial e em casa (mais 1,3 pontos percentuais ou p.p.) e dos que trabalharam em casa fora do horário de trabalho (mais 1 p.p.), observando-se uma diminuição dos que trabalharam pontualmente em casa (0,6 p.p.)” enumera o INE.