Portugal fez progressos nos últimos anos na digitalização, nomeadamente a implementação do 5G em todo o território muito antes de 2030, mas as competências digitais das pessoas estão pouco acima da média europeia, segundo o relatório da Comissão Europeia sobre sobre o Estado da Década Digital.

“A cobertura de 5G em Portugal é de 98,1% quando a média da União Europeia é de 89,3% e a cobertura de redes de muito alta capacidade é de 94,2%, bem acima dos 78,8% da média da União Europeia (UE)”, salientou Pedro Mota Soares.

De acordo com os dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) todos os concelhos do país já têm cobertura de 5G.

“Este resultado é fruto do compromisso que os operadores de comunicações eletrónicas têm com Portugal”, apontou o secretário-geral da Apritel, associação que representa os operadores.

“Nos últimos nove anos, o setor investiu 10 mil milhões de euros no país e trouxe inovação, desenvolvimento e coesão” e “graças a esse esforço, Portugal tem das melhores redes, quer móveis, quer fixas, da União Europeia e vai atingir os seus objetivos muito antes dos prazos fixados”, reforçou o responsável.

Contudo, o relatório da Comissão Europeia aponta que nível das competências digitais da população é pouco mais de metade (56%), apesar de estar ligeiramente acima da média europeia (55,6%), tendo crescido pouco nos últimos anos.

Instado a comentar a situação, Pedro Mota Soares considerou que “Portugal não pode conformar-se em ser 12.º país à escala europeia no que respeita à literacia digital, com apenas 55,9% da população com níveis básicos ou acima de básicos de competências digitais”.

E nem pode “resignar-se a ter 12,4% da população a dizer que nunca utilizou a Internet, especialmente porque, destes, mais de 60% afirmam que não a sabem utilizar (45,2%) ou a consideram ‘pouco útil ou interessante’ (16,1%)”, prosseguiu.

“Não basta Portugal ter das melhores redes e serviços de comunicações eletrónicas da União Europeia, liderando em todos os ‘rankings’ que analisam as infraestruturas, nem o investimento massivo realizado pelos operadores”, advertiu.

“É essencial um compromisso claro com a literacia digital, é preciso um desígnio nacional envolvendo todos os ‘stakeholders’, dos governos às comunidades educativas, dos legisladores às empresas dos mais diversos setores, passando pelos diferentes reguladores e, claro, pelos consumidores”, defendeu, considerando que o país ainda vai a tempo, “mas é preciso fazer mais”.

E o mesmo se aplica à formação e qualificação de recursos humanos na ára das tecnologias de informação e comunicação (TIC).

O relatório indica também que a percentagem de pessoas especializadas em tecnologias está abaixo da média europeia (4,5% em Portugal e 4,8% no conjunto dos 27).

“É um problema que pode afetar o nosso desenvolvimento e crescimento económico”, advertiu.

Por isso, apesar dos “vários programas que os operadores têm de qualificação e requalificação de profissionais, bem como outros programas de educação e formação, esta matéria também tem de envolver todos, Governo, universidades e escolas, legisladores, formadores e serviços de emprego, e ainda os vários agentes económicos”, rematou.

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