A Saucony quis assinalar 125 anos de existência criando um “protótipo de massas”. Batemos recordes. Pena o preço.
Quando recebemos a caixa das novas Endorphine, tudo saltou à vista. A começar pela própria caixa, rasgada a grandes letras clamando “shock a knee”. Mas mais do que o grafismo explosivo, o peso foi o que mais impressionou. Sem abrir, sem descartar o celofane, sem tirar etiquetas e etc., sem fazer rigorosamente nada “caiu-nos” tudo ao chão. Porque aquele volume não pesa. Ponto. Como se estivesse vazio. Só que não. Estava cheio e bem cheio: as aturadamente estudadas e testadas Elite explodiam em brilho – recebemo-las na versão verde lima.
Foram concebidas para assinalar os 125 anos do nascimento da marca norte-americana de calçado de corrida, numa fábrica de Kutztown, povoação da Pensilvânia nas margens do riacho Saucony que daria nome às sapatilhas. E são publicitadas como as “mais leves, rápidas e com maior eficiência energética que a marca desenhou até hoje”.
O que temos a dizer? São 185 gramas (modelo feminino, 205 para os senhores), parece que nos puseram molas nos pés e batemos o nosso recorde aos 10 km (não vamos dizer quanto, porque isso é segredo de estado).
Podíamos acabar aqui a review. Mas convém explicar o porquê de tudo isto. Comecemos pelas sensações. As Endorphine Elite têm um design arrojado, com uma sola alta e côncava, uma malha superior transparente e uma tira lateral que funciona como suporte. Calçadas, estão ao nível das sapatilhas com mais amortecimento que já experimentámos – para terem uma ideia, o calcanhar ergue-se aos 40 mm, com um drop de 8 mm até aos dedos. Belo tacão para uma festa psicadélica (um dia, quem sabe, que elas dão bem nas vistas…). São extremamente confortáveis, até pela outra tira móvel que segura o calcanhar, ajustável em altura. Como uma segunda meia.
Depois, começa-se a correr. E aí, os primeiros quilómetros são, no mínimo, digamos, estranhos. Lá está a mola, mas parece posicionar-se na frente do pé. Obriga a adaptar a passada e a inclinar o corpo para diante para perceber a magia da tecnologia de carbono. A placa tem a forma de uma forquilha na parte da frente, o que a torna mais flexível do que as placas habituais. Será de nós, mas numa corrida com desnível, as subidas ficaram um tanto mais agrestes, enquanto as descidas foram fantásticas. Em plano, nada a apontar.
No que toca à estabilidade, também nada a apontar, apesar da altura da sola. A sapatilha é larga (113 mm na frente) para dar base suficiente a uma passada segura.
Já a respirabilidade é irrepreensível. Não há suor que resiste àquele arejamento, quer pela combinação de várias malhas, incluindo 3D, quer por ter mesmo espaços abertos. Já a chuva, entra, certo, mas também sai. Para quem gostar, podem perfeitamente dispensar o uso de meia. Não é o nosso caso. A língua, quanto a ela, é uma rede de tecido suave que mal se sente e que não se mexe durante o exercício.
Agora, a parte feia da história: o preço. Gostaríamos de recomendar as Endorphine Elite a todos quantos queiram acelerar e bater recordes, indo mais longe do que qualquer treinador pediria, se não custassem… 300 euros!
Sim, é muito dinheiro. A marca justificará com o investimento. “Colaborámos com os nossos atletas durante muitos anos para criar esta sapatilha com o único objetivo de correr mais rápido, conseguir novas marcas pessoais e maximizar o retorno de energia”, explicou Brian Moore, vice-presidente sénior de produto da Saucony, por altura do lançamento.
Uma nota muito positiva: as Endorphine Elite são veganas e contêm materiais reciclados.
Nota: o produto foi fornecido pela marca.