O Benfica anunciou, esta sexta-feira, a renovação do contrato de Roger Schmidt até 2026. Em nove meses, o alemão mudou o Benfica: desde a tática, à relação com os jogadores e o discurso.
Ainda nada está ganho, mas Roger Schmidt já conquistou os adeptos do Benfica. Em pouco mais que nove meses, o treinador alemão transformou os encarnados. O clube da Luz vinha de um período cinzento, com um regresso de Jorge Jesus, nem sempre consensual entre os adeptos, que falhou redondamente nas expectativas, e com Nélson Veríssimo, uma solução de remedeio que revelou-se curta.
Em maio, o Benfica anunciou a contratação de Roger Schmidt, um treinador que, por ser estrangeiro, fez sentir alguma desconfiança, mas que rapidamente se transformou em entusiasmo. Os 28 jogos seguidos sem perder, a vitória frente ao F. C. Porto no Estádio do Dragão e a liderança num grupo da Liga dos Campeões com Juventus e PSG, foram a prova que o alemão mudou completamente o paradigma que o Benfica vivia nos últimos anos.
Dentro de campo, vê-se uma equipa destemida, que joga olhos nos olhos contra qualquer adversário. O Benfica pressiona muito alto no terreno para ganhar a bola junto da área adversária e estar mais perto do golo. Roger Schmidt montou uma equipa dinâmica, com um ataque altamente móvel e que sabe desmontar qualquer tipo de rival. Defensivamente, a coesão é muito superior àquela vista, sobretudo, com Jorge Jesus.
Neste setor, Schmidt não teve medo de apostar em António Silva quando foi necessário e o jovem excedeu às expectativas: as boas exibições levaram-no ao Mundial 2022 em ano de estreia na equipa principal dos encarnados. Grimaldo foi outro dos grandes beneficiados pela ideia do alemão, ganhando uma consistência pouco vista noutros anos e aumentando, ainda mais, a influência nas águias.
Gonçalo Ramos e João Mário estão a fazer a melhor época da carreira, sendo a terceira dupla mais eficaz frente à baliza das principais ligas europeias. Ainda no ataque, Rafa, Neres e, mais recentemente, Gonçalo Guedes, têm todos sido protagonistas de um Benfica avassalador ofensivamente e que já leva 112 golos em todas as competições.
No meio campo, Enzo Fernández foi, durante meia época, uma das estrelas da equipa, e nem aquando a saída em janeiro a máquina encarnada parou. Schmidt deu uma nova vida a Chiquinho e o português vem estando à altura do desafio. Florentino, regressado de empréstimo ao Getafe e Mónaco, voltou a mostrar toda a qualidade vista em 2018/19 com Bruno Lage e tornou-se numa peça essencial no momento defensivo.
Roger Schmidt ainda não ganhou nada no Benfica, mas a forma como revolucionou um conjunto que praticava um futebol cinzento e andava afastado dos títulos já o fez conquistar os adeptos encarnados. Com a renovação até 2026, Rui Costa garante que Roger Schmidt vai ser o líder do Benfica dentro de campo durante quase todo o mandato (dura até 2025). A menos que um tubarão o venha buscar.