Rodrigo Vieira fez parte da seleção portuguesa campeã da primeira edição do Campeonato do Mundo e da Europa de andebol, em cadeira de rodas, e foi homenageado na Câmara Municipal do Porto, enquanto único representante da cidade na equipa vencedora.
O torneio, realizado em Leiria, consagrou Portugal como campeão mundial e europeu, na edição inaugural que une as duas competições. Rodrigo Vieira ainda não consegue transformar a alegria em palavras, mas espera que este feito permita novas oportunidades a quem pratica desporto adaptado e até teve direito a uma “prenda” especial.
“Ir à varanda onde foram tantos campeões não é um sonho, porque nunca tinha considerado isso como uma possibilidade, mas é um tremendo orgulho. Este tipo de reconhecimento dá-nos confiança porque o andebol é a nossa forma de demonstrar que também valemos alguma coisa”, reflete Rodrigo Vieira.
O andebolista espera que esta conquista tenha um reflexo positivo na sociedade, nomeadamente na valorização de pessoas com mobilidade reduzida que querem praticar desporto. “Pessoalmente não me considero uma referência. Tenho colegas que estiveram na seleção, como o Ricardo Queirós ou o Jerónimo que, esses sim, são referências, porque trabalharam muito mais para conquistar este título por Portugal e para chegar ao patamar onde estamos todos”, considera Rodrigo Vieira.
Este troféu não foi apenas uma conquista dos atletas, uma vez que também a Federação Portuguesa de Andebol (FPA) ficou orgulhosa com este feito, cuja importância ultrapassa a vertente desportiva.
“Isto foi o culminar de um processo que tem alguns anos, seja de atletas, equipa técnica e dirigentes. Bastou ver a forma como cantaram o hino na final [com os Países Baixos] para perceber que os atletas deixaram tudo o que tinham na competição. O nosso trabalho, enquanto federação, é dar-lhes as condições para o sucesso e não pode ser apenas nos relatórios e nos dossiês. Temos de concretizar os planos idealizados para eles poderem atingir estas conquistas”, acredita Miguel Laranjeiro, presidente da FPA.
O dirigente acredita que é preciso investimento no desporto adaptado, não só para o sucesso da modalidade, mas também para a evolução como sociedade. “Hoje, podemos sempre fazer um bocadinho melhor do que ontem. Mas, para isso, é preciso o apoio de todos os envolvidos para tornar isto possível. Esta modalidade tem custos acrescidos, pelas particularidades dos atletas, mas, para pudermos continuar a crescer, é preciso investimento porque qualquer euro investido no desporto adaptado vale muitos euros para a sociedade. Isto não é um custo, é um investimento para tornar estas pessoas mais autónomas e mais livres”, conclui Miguel Laranjeiro.
Da parte da Câmara Municipal do Porto, a vereadora Catarina Araújo, encarregue do Pelouro da Juventude e Desporto, destaca a importância do de assinalar a conquista do Campeonato do Mundo para valorização do desporto adaptado. “Temos criado várias medias de facilitação e promoção da prática desportiva. O objetivo é, entre os mais jovens e os mais velhos, tornar a prática desportiva mais acessível a todos, para que estas pessoas tenham condições de acesso a infraestruturas e a programas construídos por elas e para elas”, afirma Catarina Araújo.