Noël Le Graët, presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), foi acusado pela empresária de futebol Sonia Souid de assédio sexual entre 2013 e 2017.
Em entrevista ao jornal “L’Équipe” e à estação “BFMTV”, Souid contou que o dirigente a convidou por diversas vezes para se encontrarem e recordou um episódio ocorrido em 2014, num apartamento de Le Graët, em Paris.
“Ele ligou-me e disse para ir ao seu apartamento em Paris. Disse-me que eu tinha atingido feitos extraordinários e que me queria apresentar a Brigitte Henriques, que à data estava no cargo mais importante do futebol feminino na FFF”, contou a agente, só que “Brigitte nunca chegou” a juntar-se a eles.
“Quando cheguei ao apartamento vi dois copos de champanhe. Ele disse-me que não precisávamos dela [Brigitte Henriques], mas eu nem toquei no champanhe, tinha medo de que tivesse algo”, recordou Sonia Souid, de 37 anos.
“Ele mandava-me mensagens a dizer que tinha saudades minhas, queria convidar-me para ir a jogos. Noël Le Graët é muito sedutor, exceto quando estive em sua casa. Aí deixou claro que gostaria que eu acabasse na sua cama. Nunca olhou para mim como agente, mas sim como um rebuçado. Via-me como dois seios e um rabo”, acrescentou a empresária, antes de desabafar: “Ele não tem medo de nada nem de ninguém. Acha que é intocável, e provavelmente é”.
De recordar que, em outubro do ano passado, Noël Le Graët já havia sido acusado de assédio sexual por duas mulheres, cuja identidade não foi revelada.
Na altura, o presidente da FFF condenou “qualquer tipo de comportamento impróprio para com os funcionários da FFF” e garantiu que sempre manteve “uma relação de respeito com todos, numa atmosfera de confiança mútua”. “Estas alegações anónimas, falsas e maliciosas, só pretendem prejudicar-me a nível profissional e pessoal”, reagiu, então, à “Radio France”.
Noël Le Graët, de 81 anos, vive dias atribulados na liderança da Federação francesa. Ontem, Eric Thomas, antigo candidato à presidência da FFF e atual líder da Associação Francesa de Futebol Amador, pediu a Le Graët para se demitir, na sequência dos comentários sobre Zinedine Zidane, dos quais já se retratou.
O mandato de Le Graët termina em 2024 mas, em França, questiona-se se o dirigente será capaz de o levar até ao fim.