Num artigo publicado na revista brasileira “Veja”, foram divulgadas conversas entre Eduardo Bauermann, defesa central do Santos, e um apostador investigado por uma operação de manipulação de resultados em esquemas de apostas. O jogador teria recebido 9,1 mil euros e não cumpriu o acordo.
Conversas entre o jogador do Santos, Eduardo Bauermann, e um apostador foram relevadas pela revista brasileira Veja nesta segunda-feira. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público como parte da Operação “Penalidade Máxima”, que verifica manipulações de resultados por meio de esquemas de apostas no futebol brasileiro.
Nas conversas divulgadas, o apostador pressiona o jogador do Santos por não ter cumprido o acordo inicialmente feito. Bauermann teria recebido 9,1 mil euros para ser punido com um cartão amarelo na partida frente ao Avaí no Campeonato Brasileiro de 2022. O defesa não foi advertido e, por isso, o apostador exigiu-lhe explicações.
Supostamente, Bauermann já teria recebido o dinheiro e, por isso, foi feito um novo acordo com o apostador de que na próxima partida, contra o Botafogo, seria expulso. O defesa central foi admoestado com um cartão vermelho por ter reclamado. Porém, a sanção foi recebida no final do jogo, o que não conta para os sites de apostas.
Como consequência, o apostador abordou o jogador e, desta vez, ameaçou-o, exigindo-lhe a devolução do pagamento inicial e pedido-lhe ainda que lhe cobrisse o valor dos ganhos, que seriam de 145,5 mil euros, caso tivesse vencido as apostas.
As casas de apostas e os clubes são vistos como vítimas nas investigações. O Santos, clube que Bauermann defende, disse que não irá se pronunciar sobre o caso até conversar com o jogador, o que está previsto de acontecer nesta terça-feira.
O agente do atleta, Luiz Taveira, foi citado por Bauermann nas conversas, onde o jogador diz, em tom de brincadeira, que o próprio empresário iria apostar no cartão amarelo frente ao Avaí. Taveira diz que jamais realizou apostas, que confia no jogador e que não tinha conhecimento do contacto com os apostadores.
Entretanto, o Santos emitiu um comunicado oficial para confirmar o afastamento do jogador da equipa.
O caso:
A Operação “Penalidade Máxima” começou após uma partida entre Vila Nova, de Goiás, e Sport, de Recife, onde o médio Romário, do Vila Nova, recebeu uma oferta de 27 mil euros para cometer um penálti. O atleta recebeu um valor inicial de dois mil euros como garantia e o restante seria recebido após a grande penalidade ser feita.
Contudo, Romário não foi convocado para a partida e tentou convencer colegas de equipa a cometer o penálti por ele, mas ninguém o aceitou fazer. O caso chegou ao conhecimento do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que iniciou uma investigação. Bravo é policial militar e entregou os resultados ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A primeira denúncia feita pelo MP-GO indicava a suspeição de três partidas da segunda divisão do Campeonato Brasileiro, a Série B. O portal “ge”, porém, publicou que havia suspeita de muitas outras partidas, o que alargaria a operação ao âmbito nacional. Após as investigações iniciais, partidas da Série A também se tornaram alvos.
A indicação é de que 20 partidas, no mínimo, estão a ser averiguadas. O possível líder do grupo de apostadores, Bruno Lopes de Moura, já foi detido na primeira fase da investigação. Outras 16 pessoas ainda podem se tornar réus.