Gostava de ter estado ontem nas bancadas do Iconic Lusail a apoiar a seleção nacional na partida frente ao Uruguai. Era, aliás, para ter estado, mas a triste notícia do desaparecimento físico do “Bibota” – porque da nossa memória nunca desaparecerá – fez-me mudar os planos para poder estar presente na despedida a uma das maiores figuras do futebol português.
Porque jogos, mesmo que de Campeonatos do Mundo, há muitos (se tudo correr como todos desejamos, só neste Mundial haverá ainda mais cinco para Portugal) mas jogadores e homens como Fernando Gomes há poucos. Muito poucos. E jogadores e homens como o Bibota merecem todas as homenagens. E mais algumas.
Vi, pois, o jogo como viram milhões de portugueses espalhados por todo o Mundo. À distância, pela televisão. Vibrei com as defesas de Diogo Costa, os cortes de Rúben Dias, Pepe e William Carvalho, os sprints de João Cancelo e Nuno Mendes (e Raphael Guerreiro), os passes de Bernardo Silva, Rúben Neves e Bruno Fernandes, as diabruras de João Félix e Cristiano Ronaldo. Sofri quando tivemos de sofrer. E, claro, celebrei de forma efusiva o golo que nos coloca na próxima fase deste Mundial. E quase sou capaz de jurar, mesmo a mais de sete mil quilómetros de distância, ter visto, naquele cruzamento de Bruno Fernandes, uma cabeça invisível a desviar a bola para o fundo da baliza do Uruguai no golo que nos abriu o caminho para a vitória. Porque ontem, não tenho dúvidas, fomos sempre 12 em campo: os 11 que lá estiveram fisicamente e Fernando Gomes em espírito.
Estamos nos oitavos de final. A partir de agora, o céu é o limite.