“A narrativa da corrupção estava associada à governação do PS. A partir do momento em que o PS deixa de ser governo, a narrativa deixa de ter força”, é a “explicação simples” de Gustavo Cardoso, sociólogo e coordenador do MediaLab, instituto de estudo de ciências da comunicação integrado no ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa.

Como “já não há ninguém para tirar o poder, porque aquele que se queria tirar do poder [PS] já lá não está”, era preciso “encontrar uma nova narrativa”.

E aí entrou “uma perspetiva mais nacionalista, mais de extrema-direita” que “não fere” nenhuma das partes com “uma visão mais nacionalista” nas redes sociais – a imigração.

Foi, aliás, um fenómeno transfronteiriço, por exemplo, com a publicação nas redes sociais, em Portugal, pelo Chega, e em Espanha, pelo Vox, da imagem de uma mulher com uma burca.

Não se tratando de desinformação, mas sim de mensagem eleitoral, o Chega divulgou nas suas contas nas redes sociais uma imagem comparando uma mulher com burca e outra sem burca, questionando “Que Europa queres?”.

O cartaz foi publicado nos dois países “no mesmo dia, com o mesmo grafismo, com arranjo gráfico igual, o que significa que é improvável que não houvesse um conhecimento mútuo do cartaz antes de ele ser publicado”, afirmou José Moreno.

Com base nesta experiência, os dois investigadores concluíram que é preciso continuar este tipo de projeto em eleições futuras, disponibilizando-se um número no WhatsApp, como aconteceu com as eleições europeias deste mês, reforçando os meios para divulgar o que é a desinformação.

O MediaLab e a Comissão Nacional de Eleições assinaram um protocolo para o período da campanha das europeias, e a que a Lusa se associou, com o objetivo de detetar e prevenir eventuais notícias falsas até ao dia da votação.

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