“O investimento necessário entre 2022 e 2030 é de entre os 360 a 450 mil milhões de dólares (336 a 420 mil milhões de euros), deixando um défice de entre 180 a 270 mil milhões de dólares (168 a 252 mil milhões de euros), escreve a UNTD, anteriormente conhecida como UNCTAD, num artigo sobre a importância da transição energética para os países em desenvolvimento, nomeadamente os africanos.

As necessidades de financiamento verificam-se “principalmente no cobre e níquel, que representam 36% e 16% do défice de financiamento total”, segundo a análise da UNTD a que a Lusa teve hoje acesso.

A transição energética, nomeadamente a migração para os veículos elétricos, está a fazer a procura destes materiais disparar, com a ONU a prever que a procura por lítio, cobalto e cobre possa quadruplicar até 2030, beneficiando os países africanos que têm estes materiais em abundância.

A ONU alerta contudo que a nova procura por minerais como o cobalto, lítio ou magnésio “pode piorar ainda mais a dependência de matérias-primas, aumentando as vulnerabilidades económicas e deixando os benefícios longe das comunidades e empresários locais”.

Acresce que os investimentos não têm estado à altura das necessidades não só dos países produtores, mas também dos países que mais rapidamente estão a evoluir para fontes de energia renovável, nomeadamente na utilização de veículos elétricos.

“Os investimentos globais em minerais críticos para a transição energética não estão ao ritmo da crescente procura; os atuais níveis de produção são inadequados para cumprir as necessidades requeridas para limitar o aquecimento global a 1,5 graus, em linha com o Acordo de Paris”, acrescenta a UNTD.

Esta entidade das Nações Unidas “identificou 110 novos projetos mineiros a nível mundial, avaliados em 39 mil milhões de dólares (36,4 mil milhões de euros), com 22 mil milhões de dólares (20,5 mil milhões de euros) investidos em 60 projetos nos países em desenvolvimento.

Mas para atingir as metas de emissões zero em 2030, “a indústria precisa de mais ou menos 80 novas minas de cobre, 70 de lítio e de outras tantas de níquel, e 30 minas novas de cobalto”, refere.

A transição energética tem sido apontada pelos analistas como um dos grandes argumentos dos países africanos para exigirem mais apoio internacional, porque apesar de serem os menos responsáveis pelas alterações climáticas, são os que mais sofrem com o agravamento dos choques extremos, como secas e inundações cada vez mais frequentes e intensas.

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