Filmes
como Air: A História por Trás do Logo,
Tetris, Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História, The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias e Barbie estão mostrando as possibilidades narrativas para se contar ao
grande público o auge e o ocaso de produtos comerciais populares, com análise
sociológica e ética dos ambientes em que esses itens surgiram e evoluíram. Agora
devemos adicionar à lista Gran Turismo: de
Jogador a Corredor, que chega aos cinemas brasileiros hoje (24). O
longa-metragem é baseado no famoso videogame, um simulador de direção
hiper-realista, projetado em 1997 por Kazunori Yamauchi para a Polyphony
Digital e distribuído pela Sony Computer Entertainment para os consoles
PlayStation. Quem assina a obra é o sul-africano Neill Blomkamp, especialista
em ficção científica alternativa, como comprovam os instigantes Distrito 9, Chappie e Elysium.
O roteiro de Jason Hall e Zach Baylin conta bem livremente a história
singular e verdadeira de Jann Mardenborough (Archie Madekwe). Em 2011, esse
jovem inglês foi o terceiro vencedor da competição GT Academy, um projeto
colaborativo entre a Nissan e a Sony Interactive Entertainment para trazer os
jogadores do Gran Turismo para o
mundo real das corridas e, caso valessem a pena, dar a oportunidade de eles se
tornarem pilotos profissionais. No filme, seu personagem enfrenta a oposição de
seu pai Steve (Djimon Hounsou) e é auxiliado em seus árduos esforços pelo duro
treinador Jack Salter (David Harbour) e pelo sempre atormentado Danny Moore
(Orlando Bloom), promotor da GT Academy.
O sólido elenco mais do que cumpre seu papel. Já Blomkamp consegue impor
um ritmo acelerado de videogame, no qual os numerosos porém breves interlúdios
dramáticos – bem planejados, desenvolvidos e resolvidos – dão alma à poderosa
exibição visual e sonora da impactante ação. Nesse sentido, o cineasta
sul-africano segue os passos de filmes semelhantes das últimas décadas, como Alta Velocidade (2001), de Renny Harlin,
Rush – No Limite da Emoção (2013), de
Ron Howard, e Ford vs. Ferrari
(2019), de James Mangold.
Assim, questões como o vício em videogames, a diferença entre o real e o
virtual, as relações familiares conflituosas, a competitividade e a moralidade
de se vencer a qualquer preço são abordadas com profundidade dramática e
perspectiva ética. São questões que elevam o nível deste grande filme de
gênero.
© 2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.