O compositor bracarense, um de cinco recentemente graduados desafiados a propor um trabalho original, disse à agência Lusa que a instrução recebida após ser selecionado é que teria de ser inspirado numa obra proposta pelo grupo.

 

“Eles sugeriram uma obra de Vicente Lusitano, um compositor português do período barroco [século XVI]. Foi por pura coincidência, mesmo antes de saberem que eu era português”, contou o bracarense de 29 anos. 

Vicente Lusitano é o primeiro compositor negro da história da música, até agora identificado, com obra publicada em vida.

Além dele, Jaime Ramos também foi inspirado por Eric Whitacre e Gregorio Allegri, compositores que conheceu enquanto foi ele próprio coralista, nomeadamente no Coro Gulbenkian, entre 2013 e 2020.  

A nova composição de Ramos, intitulada “Munda Me”, vai ser apresentada no conservatório galês, Royal Welsh College of Music and Drama, juntamente com as obras de quatro outros jovens compositores: Tomos Owen Jones, Emma Pascoe, George W. Parris e Liberty Richardson. 

Licenciado e mestre pela Escola Superior de Música de Lisboa, depois de ter iniciado a formação no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, Jorge Ramos completou o doutoramento em Composição Musical no Royal College of Music London, onde foi também professor assistente nos anos de 2021 a 2023.

Compositor, artista sonoro e investigador, Jorge Ramos vive entre Braga e Londres e esta estreia na música coral reflete a versatilidade, como mostra a diversidade do seu currículo. 

Em perto de 20 anos, já estreou cerca de 60 obras de música a solo, de câmara, sinfónica, electroacústica, eletrónica, além ter composto para cinema, palco, instalações e publicidade, e para a banda sonora da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027.

Estreou obras com a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Clássica do Centro, a Banda Sinfónica Portuguesa, o ORA Singers e a Filarmónica de Londres, entre outras formações e foi compositor residente em instituições como a Orquestra Gulbenkian, os Estúdios Victor Córdon e o Grand Théâtre Luxembourg.

“Eu tenho prazer em fazer música e desafios diferentes. Gosto de sair da minha zona de conforto. Mesmo quando tenho convites de uma orquestra, eu procuro sempre uma perspetiva diferente”, disse à Lusa.  

O Ora Singers é um grupo coral de 18 membros fundado em 2014 e sediado em Londres dirigido pela maestrina Suzy Digby. 

Recentemente, Jorge Ramos foi escolhido para o programa Jovens Compositores (Young Composers) da Filarmónica de Londres, na temporada 2024-2025.

Leia Também: Aveiro vai ter Casa de Música que acolherá a Orquestra das Beiras

Compartilhar
Exit mobile version