A companhia portuguesa leva a palco ‘Manifestos Para Depois do Fim do Mundo’, no contexto do apoio recebido pelo European Fund for Emerging Artists (EFFEA), no festival Fastoforward, uma montra para jovens encenadores europeus.
“É uma caminhada dentro de um edifício vazio, como se o fim do mundo já tivesse chegado. São manifestos recentes que fui colecionando, e depois traduzi para português, e adaptei para a cena. O espectador faz uma caminhada pelo espaço e encontra estes sete atores que lhes vão dizendo manifestos”, explicou à Lusa Isabel Costa, diretora artística d’Os Possessos.
‘Manifestos para Depois do Fim do Mundo’ é um espetáculo inspirado no trabalho curatorial de Hans Ulrich Obrist, diretor artístico das Serpentine Galleries, em Londres, responsável pelo ‘The Interview Project’, com figuras culturais que marcaram os séculos XX e XXI.
Sete atores interpretam diferentes manifestos, escritos depois de 2000. Cada manifesto é dito de forma intimista, como se fosse “uma conversa com o espectador”, de forma a contrariar a leitura tradicional de um manifesto, que tende a ser panfletária.
“Os textos são todos traduzidos para alemão, e temos intérpretes alemães connosco. Ou seja, não só trouxemos o projeto, como ele cresceu. Está a ser uma grande aventura {…]. É a primeira vez que fazemos uma ’tournée’ internacional e estamos a fazer esta experiência da tradução para fazer o espetáculo em duas línguas”, descreveu Isabel Costa da companhia ‘Os Possessos’.
O espetáculo está desde junho em pré-produção.
“É tudo preparado com muito tempo, e como ganhámos este fundo europeu pudemos ainda elaborar mais o projeto”, frisou à Lusa.
“Os nossos atores portugueses falam em inglês e depois temos intérpretes que dizem o texto em alemão, em sincronizado. Sendo este um festival internacional, tem sempre de ter as duas línguas. Normalmente há legendas, mas nós vamos fazê-lo de uma forma um pouco mais elaborada”, acrescentou a diretora artística.
Este projeto, iniciado em 2019, é apoiado pelo EFFEA, que atribuiu uma bolsa o desenvolvimento de projetos junto de públicos internacionais.
“Viemos aprender. O objetivo do festival também é esse, conhecermos novas formas de trabalhar. Existe uma linguagem universal na arte e acabámos por nos entender rapidamente”, destacou Isabel Costa.
O Fastforward tem início hoje e termina no domingo, em Dresden, na Alemanha.
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