A ONG, que alertou para os perigos que ameaçam a segurança, a saúde, a educação e o bem-estar das crianças no país à medida que o conflito entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah se alastra, sublinhou que uma em cada cinco crianças, mais de 400 mil, teve de abandonar a sua casa para escapar às ameaças de “morte e destruição”.

 

“Cada vez mais famílias, para além da região fronteiriça, em zonas antes consideradas mais seguras, estão a ser forçadas a abandonar as suas casas para escapar à escalada da violência”, alertou a ONG num comunicado, denunciando que, para além da ameaça imediata à sua segurança física, as crianças enfrentam consequências psicológicas a longo prazo.

Em termos globais, a organização alertou que uma em cada cinco crianças que vive em zonas de conflito em todo o mundo encontra-se em risco de sofrer de problemas de saúde mental como “consequência direta da perda da normalidade, de ser testemunha de conflitos, de sofrer violência, de falta de alimentos, de não ir à escola ou de ser deslocada à força”.

“A nossa estimativa conservadora é que dezenas de milhares de crianças estão a precisar de apoio em termos de saúde mental, mas acreditamos que estes números aumentarão à medida que o conflito continua. As crianças já passaram por tanta coisa no Líbano e cada uma dessas coisas tem um impacto mental na resiliência das crianças”, lamentou Heidi Diedrich, diretora nacional da World Vision no Líbano.

A situação é agravada pela sobrelotação rápida dos abrigos e pela interrupção das aulas e de outros serviços igualmente direcionados para as crianças, à medida que as famílias se concentram mais na sobrevivência diária.

“Antes desta última escalada, dezenas de escolas, que já tinham sido adaptadas para albergar cerca de mil deslocados internos, estavam sobrelotadas”, lamentou a World Vision.

A escalada da violência levou a que as instituições de ensino deixassem de funcionar, o que expõe as crianças a um risco acrescido de exploração, trabalho infantil e abusos, mencionou a ONG, estimando que cerca de 200 mil pessoas, 25% do número total de deslocados, estão alojadas em pouco mais de mil abrigos.

“O aumento das agressões ameaça a proteção, a saúde mental, a educação e o bem-estar a longo prazo das crianças. A segurança das crianças e dos jovens deve continuar a ser a principal prioridade”, sublinhou Diedrich, antes de apelar a todas as partes para alcançarem uma “paz imediata e duradoura” no Médio Oriente.

O fogo cruzado entre o grupo libanês Hezbollah e Israel, iniciado em 08 de outubro de 2023, evoluiu nas ultimas semanas para uma situação de guerra, com bombardeamentos constantes das forças israelitas, que também têm efetuado incursões terrestres.

Os ataques israelitas mataram dirigentes de topo do Hezbollah, incluindo o líder do grupo xiita pró-iraniano, Hassan Nasrallah, e provocaram a fuga de dezenas de milhares de pessoas, tanto para outras zonas do Líbano como para a Síria.

O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo extremista palestiniano ter desencadeado uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

O Governo libanês calcula em cerca de 2.700 o número de mortos e cerca de 12.500 o número de feridos nos ataques israelitas desde 08 de outubro de 2023.

Leia Também: O homem que promete ser o último a chorar. Quem vai liderar o Hezbollah?

Compartilhar
Exit mobile version