“Tenho ouvido tantas vezes de que há aqui um problema de dois extremos. Há quem diga que há o Chega num extremo, há o Bloco num outro extremo. Entendamos, aqui há quem esteja a celebrar uma morte e queira semear violência. E há quem esteja a levantar-se pela justiça, a democracia e a decência neste país. E se esses estão os dois extremos, eu devo dizer que o Bloco está no extremo mais justo. Está onde deve estar”, defendeu Catarina Martins.

 

A ex-coordenadora bloquista falava na 5.ª Conferência Nacional do BE, que termina hoje, no Porto, num dos momentos mais aplaudidos, no qual levantou a sala ao falar da posição do partido após a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP, na Amadora.

Na ótica da eurodeputada, “deviam ter vergonha todas as forças políticas que foram titubeantes, que acharam que estavam a ser moderadas e estavam só a ser cobardes enquanto deixavam a violência da extrema-direita ocupar o espaço mediático”.

“Que orgulho que eu tenho neste Bloco. Que orgulho que eu tenho do discurso que a Mariana fez, da forma como o Fabian esteve, como cada um e cada uma se levantou quando era preciso, Isto sim, isto é força, que bom é aqui estar”, exclamou.

A eurodeputada alertou para “um avanço da direita tradicional e do centrão, que vai resvalando para a direita”, lamentando que na União Europeia alguns responsáveis já tenham deixado de seduzir os eleitores para a defesa do Estado Social ou do clima, entre outras causas, tendo adotado a estratégia do medo.

“Só falam de guerra, só falam de armas. Quando falam de economia, falam de competitividade. Progresso social desapareceu da agenda, de paz nem sequer se fala. Neste contexto, o nosso trabalho é difícil, é claro que é difícil, mas eu acho que há algum trabalho de esperança que estamos a fazer”, considerou.

Catarina Martins lembrou que o BE se mantém na Esquerda no Parlamento Europeu mas começou a criar uma “plataforma política para trabalhar não dentro das instituições, mas fora das instituições”, a “Aliança de Esquerda Europeia pelo Povo e pelo Planeta”.

“E este projeto que está agora a começar e que eu espero que possamos debater, de uma aliança de esquerda na Europa, acho que é também desta esperança e de força que se faz o nosso trabalho”, salientou.

Durante a manhã, também o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, fez referência à manifestação organizada pelo movimento Vida Justa, que se realizou no sábado na Avenida da Liberdade, e na qual participou, juntamente com milhares de cidadãos.

Fabian Figueiredo defendeu “o direito à vida da Cláudia Simões, do KuKu, do MC Snake e do Odair”, apelando à “autodeterminação étnico-racial”.

“Não há corpos de primeira e de segunda, não há direito à vida para uns cidadãos em detrimento dos outros. Ou temos todos liberdade e autodeterminação, ou não tem ninguém”, advogou, apelando também à autodeterminação da Palestina.

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