Os seis detidos controlavam 20 empresas, “fixas e com escritório”, através das quais adquiriram mais de 300 imóveis com financiamentos fraudulentos num valor global de cerca de 40 milhões de euros, usando “dois tipos” de “modus operandi”, disse Fernando Jordão, em conferência de imprensa realizada em Faro.

Um desses métodos passava por falsificações “de boa qualidade” e com “alguma sofisticação”, nomeadamente com recurso a uma máquina que fabricava documentação relativa às identidades civil e financeira de pessoas reais.

“Tudo isso era falsificado. Os imóveis ficavam em nome de pessoas e algumas poderiam não saber que os tinham em seu nome”, afirmou o diretor da Diretoria do Sul da PJ, alertando que, no futuro, se os empréstimos para crédito à habitação que estão supostamente em seu nome deixarem de ser pagos, essas pessoas ficarão “numa situação difícil”.

O outro método passava pelo recurso aos chamados “testas de ferro”, em que o pedido de empréstimo bancário era feito através de uma procuração e essa pessoa “receberia alguma contrapartida” pela utilização dos seus elementos pessoais.

A investigação, iniciada em 2021, teve início com a recolha de informação testemunhal de pessoas envolvidas na utilização fraudulenta das suas identidades, tendo a Judiciária recuado até 2017 para apurar a verdadeira dimensão de um processo que o responsável da PJ caracterizou como “esquema piramidal”.

Os imóveis eram na sua grande maioria casas em “prédios normais”, situadas nas zonas de Quarteira e Vilamoura, no concelho de Loulé.

Os seis detidos, quatro homens e duas mulheres, têm entre 31 e 43 anos.

“Três pessoas nacionais e outras com dupla nacionalidade, entre Portugal, Brasil e Itália”, precisou Fernando Jordão.

A Polícia Judiciária realizou na terça-feira a operação “Orange”, na qual foram detidos quatro homens e duas mulheres por suspeitas dos “crimes de associação criminosa, burla qualificada, branqueamento e falsificação de documentos, no setor imobiliário, no Algarve”.

Segundo a PJ, nessa operação, foram ainda realizadas sete buscas domiciliárias e duas a empresas, apreendidos dezenas de imóveis, 14 veículos, uma embarcação, equipamento informático e um elevado acervo documental probatório.

De acordo com a Judiciária, em causa está a investigação de “um grupo organizado”, com várias nacionalidades, residência no Algarve e com ligações à diáspora noutros países, que criaram em Portugal “uma organização económica no setor imobiliário, totalmente financiada de forma fraudulenta por créditos bancários”.

O responsável da Diretoria do Sul da PJ confirmou que os detidos estão hoje a ser presentes a um primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.

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