“A equipa ministerial da Saúde não tem condições para governar e deve demitir-se. Não tem condições para governar, deve demitir-se ou ser demitida pelo primeiro-ministro, até porque, quando as coisas acontecem durante demasiado tempo, a responsabilidade passa a ser do primeiro-ministro e não da ministra da Saúde ou da sua equipa”, defendeu Mariana Mortágua.

 

A bloquista justificou essa exigência com uma lista “de algumas das razões pelas quais é preciso travar o Governo e, é preciso travar o Governo em particular no plano que tem para a Saúde”.

Entre as razões apontadas está o coordenador do Plano de Emergência do Governo, e antigo secretário de Estado da Saúde de Pedro Passos Coelho, Eurico Castro Alves, que no entender da bloquista tem incompatibilidades para exercer essas funções.

Mortágua discursava no final de um almoço convívio na sede do partido em Viseu, onde lembrou que Eurico Castro Alves liderou uma lista à Ordem dos Médicos no Porto e, dessa lista, saíram “várias pessoas” para o Governo.

“Sai o próprio Eurico de Castro Alves, sai a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, sai o CEO do SNS [Serviço Nacional de Saúde], (António] Gandra d’Almeida, sai o presidente do grupo que vai reorganizar as urgências de obstetrícia, Caldas Afonso”, enumerou.

Com foco em Eurico de Castro Alves, especificou que, da sua “empresa de consultoria em vários serviços na área da Saúde e outros, há também entidades e pessoas que já prestaram serviços e que, entretanto foram contratadas por essa empresa”.

“A saber: a secretária de Estado Ana Povo, que já tinha sido contratada por uma empresa de Eurico de Castro Alves, e a própria ministra da Saúde que tinha já sido contratada pela empresa de Eurico Castro Alves”, apontou.

Além disso, continuou, “Eurico de Castro Alves tem e está envolvido numa seguradora privada de Saúde, e promete ser uma das maiores do país e tem todos os ‘tubarões’ do privado na saúde, é acionista do Hospital da Lapa, que gere o hospital privado”.

“O próprio Eurico Castro Alves foi diretor do Infarmed e, tendo saído, faz agora consultoria para as empresas de canábis medicinal poderem ter autorização junto do Infarmed”, denunciou.

E, acrescentou, “faz ainda parte dos corpos sociais da Misericórdia do Porto que é a mesma Misericórdia que gere o Hospital da Prelada que recebeu os 65 milhões de euros para criar o centro de atendimento clínico que vai substituir as urgências, por decisão do plano de emergência feito por Eurico Castro Alves, nomeado pela ministra da Saúde”.

“Em suma, Ana Paula Martins vai passar os cheques e a pergunta é: quem é que é de facto o ministro da Saúde? Quem é que manda de facto na Saúde? Porque a ministra passa os cheques, e já se percebeu que só quer mesmo passar os cheques. A questão é saber quem é que manda, quem é que toma as decisões na Saúde; até ver, parece ser Eurico de Castro Alves, mas não é em nome da saúde pública e do SNS, isso vos garanto”, acusou.

Neste sentido, Mariana Mortágua disse que perante esta história, “que é só sobre Saúde, é um Governo incapaz, incompetente, mas que tem um plano” que é o de “descartar-se das suas próprias responsabilidades a gerir o Estado e para isso descartar o Estado de gerir os serviços públicos, condicionando a hipótese do Estado ter serviços públicos no futuro”.

E o Ministério da Saúde é caricatura disto. É caricatura deste PSD que se quer descartar de todas as responsabilidades”, rematou Mariana Mortágua que acusou o Governo de estar desgastado, apesar de ter só sete meses de governação.

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