Os bancos antecipam “um ligeiro aumento da procura de crédito pelas empresas e pelos particulares”, lê-se no relatório do último Inquérito ao Mercado de Crédito a que a Lusa teve hoje acesso.

 

A indicação acerca do período entre julho e setembro é feita com base no panorama dos meses anteriores.

O relatório indica que, no segundo trimestre, houve “um aumento considerável da procura de crédito por parte das empresas”.

Um aumento justificado pela “maior necessidade de financiamento para cobertura de existências e de fundo de maneio e para investimento”, assim como pelo “menor recurso a fontes de financiamento alternativas, em particular, à geração interna de fundos”.

Ao nível particular, houve uma “ligeira redução” do crédito, sobretudo para aquisição de habitação, mas o crédito ao consumo aumentou.

Em termos gerais, os critérios de aprovação de empréstimos “tornaram-se ligeiramente menos restritivos” e os termos e condições de aprovação (‘spreads’, taxas de juro, comissões, garantias exigidas, entre outros) foram também aliviados para particulares, no segundo trimestre.

“As expetativas mais favoráveis quanto à atividade económica em geral e a setores de atividade específicos”, assim como “as pressões exercidas pela concorrência de outras instituições bancárias, justificaram a ligeira redução da restritividade dos critérios de aprovação”, lê-se no documento.

O inquérito qualitativo ao mercado de crédito tem como objetivo avaliar os critérios, termos e condições da oferta de crédito e é realizado trimestralmente auscultando a opinião de seis bancos do arquipélago.

Segundo os dados estatísticos do Banco de Cabo Verde (BCV), o crédito do setor bancário ao setor privado tem aumentado todos os anos, ascendendo a 141 mil milhões de escudos (1,2 mil milhões de euros) em agosto deste ano.

O Gabinete de Supervisão Macroprudencial e de Resolução do BCV referiu no início deste mês que há um aumento do ‘stock’ de créditos vencidos e em risco, sugerindo uma “deterioração da qualidade da carteira”, com o rácio de ‘non performing loans’ (NPL) a atingir, em junho de 2024 o nível de 10,5%.

“Pela deterioração da qualidade da carteira do setor responde um conjunto restrito de clientes, não sendo a evolução transversal ao sistema bancário”, nota o banco central.

Entre abril e junho, o índice de estabilidade financeira de Cabo Verde subiu pelo terceiro trimestre consecutivo, para novos máximos, e a solvabilidade bancária “continua robusta” e mantém-se “reduzido o risco de insolvência”.

O rácio de solvabilidade situou-se em 22,5% em junho de 2024, crescendo um ponto percentual em termos homólogos, acima do mínimo de 11,25%”, referiu o BCV.

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